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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

LANÇAMENTO DO FILME "TABU IRANIANO" PROMETE REPERCUSSÃO MUNDIAL

Diretor Reza Allamehzadeh fala da dificuldade de gravar cenas na sua terra natal

Nesse domingo, dia 4 de dezembro, foi realizada a estreia mundial do documentário Tabu Iraniano, do cineasta e escritor iraniano Reza Allamehzadeh. Pela primeira vez a perseguição do regime islâmico contra os seguidores da Fé Bahá'í – a maior minoria religiosa do Irã – é apresentada em um discurso cinematográfico da realidade. O lançamento foi realizado no Teatro de James Bridges UCLA, em Los Angeles, nos Estados Unidos.

Proibido de ingressar em seu país de origem, Reza Allamehzadeh, diretor e editor do filme, precisou da ajuda de amigos para filmar clandestinamente dentro do Irã. “Apesar do fato de me ser negado acesso a minha pátria, consegui filmar cenas profundas no Irã, pois tive ajuda de amigos dedicados que arriscaram suas próprias vidas para capturar as cenas reais do filme”, declara Reza. Na visão do cineasta autor de Speak out Turkmen [Levantem suas vozes, Turcomenos] e Holy Crime, [Santo Crime], a realização deste filme foi a mais difícil de sua carreira.

Em 2007, o cineasta brasileiro Flávio Azm Rassekh também se propôs a produzir um documentário que apresentasse a realidade da República Islâmica do Irã. Ele chegou inclusive a entrevistar jornalistas nacionais, como Marcia Camargos, Adriana Carranca, Paula Fontenele e Alessandra Meleiro. “Cada uma delas apresentava uma visão diferente do país a partir de suas próprias experiências”, comentou Azm, que ficou satisfeito com a possibilidade de produzir algo com imparcialidade jornalística sobre o Irã, terra natal de seus pais.

Contudo, o projeto precisou ser interrompido. “Fui impedido de colher imagens no Irã para ilustrar as entrevistas do filme por conta das restrições impostas a jornalistas, fotógrafos, documentaristas e profissionais de mídias”, esclarece Azm.

Além da restrição de acesso ao Irã, o diretor Allamehzadeh enfrentou outras dificuldades durante a fase de produção do documentário Tabu Iraniano, que é uma peça de não-ficção. Vivendo como refugiado na Holanda desde 1983, ele teve que batalhar para obter acesso aos entrevistados do filme – que incluem Shirin Ebadi, a primeira iraniana Prêmio Nobel da Paz, e o ex-presidente do Irã, Abolhassan Banisadr. “Foi um desafio, mas consegui superar os obstáculos”, afirmou.

O enredo do documentário, que tem uma hora e dezoito minutos de duração, descreve a garra de uma bahá'í iraniana de nome Nadereh, que decide deixar o país juntamente com sua filha, de 14 anos, em busca de refúgio no Ocidente. A história atravessa a Turquia, Israel, Estados Unidos e ilustra bem a perseguição cotidiana a que são sujeitados os bahá'ís do Irã. O documentário conta com entrevistas inéditas de renomados acadêmicos, escritores e políticos que retratam a história da Fé Bahá'í e seus seguidores no Irã.

Clique aqui para acessar a página oficial de Tabu Iraniano. http://www.iraniantaboo.com/index.html

O governo iraniano persegue as minorias presentes no país, além de impor a sua população um regime de total controle da informação. “Nos últimos meses professores universitários bahá'ís foram presos (http://bahaisnoira.blogspot.com/2011/11/genebra-medida-que-surgem-mais.html) e alguns dos maiores cineastas iranianos foram condenados a seis anos de prisão. O único 'crime' que cometeram foi o de tentar exercer suas profissões”, diz Azm.

Segundo informação da agência iraniana de notícias ISNA, os cineastas Jafar Panahi (ganhador do prêmio Câmara de Ouro de Canes por seu filme de 1995 “O Balão Branco”) e Mohammad Rasoulof (que venceu o prêmio de Melhor Diretor de 2011, pelo filme clandestino “Good Bye”) foram detidos em março desse ano por “ações e propaganda contra o sistema”.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Campanha contra perseguições aos Bahá'í no Irã começa na UnB

Seguidores da religião são proibidos de estudar em universidades iranianas. Campanha Can you solve this quer sensibilizar autoridades

Henrique Bolgue - Da Secretaria de Comunicação da UnB

Os seguidores da fé Bahá'í são constantemente perseguidos pelo governo iraniano, que não os considera como religião desde a revolução islâmica de 1979. A maneira que o regime teocrático de Mahmoud Ahmadinejad buscou para silenciar essa comunidade foi negar-lhes educação e trabalho. Por isso, no começo deste ano, o Instituto Bahá'í de Educação Superior (BIHE) vivenciou um dos seus piores momentos. Sete professores foram presos, acusados de “atos contra o Regime”.

A iraniana Hasti Khoshnammanesh entrou no instituto em 1998 e formou-se em 2002 em Letras. Tentou estudar em escolas públicas do governo, mas era impedida assim que preenchia a ficha de inscrição. “Ou negávamos nossa crença ou éramos expulsos”, conta. O Instituto de Bahá'í surgiu em 1987. A maioria das aulas precisava ocorrer em segredo e muitas vezes a escola foi atacada. Mesmo assim, era a única saída. “A educação é muito importante para os Bahá'í”. O diploma não é válido no Irã, mas muitos conseguem validar sua formação em outros países. Em 2002, ela veio ao Brasil, onde espera ter uma vida tranquila, especialmente para a filha, com sete anos. “Quero que ela estude sem problemas e que faça algo bom pela comunidade”.

Instalado na entrada do Instituto Central de Ciências Norte o grupo da campanha internacional "Can you Solve This" quer contribuir para acabar com as perseguições, como as que Hasti sofreu. Seus integrantes montaram um balcão com folders e cartazes. No local, há um computador por meio do qual é possível mandar um apelo a autoridades, como o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, e o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-Moon. Além disso, pode-se enviar mensagem direto ao Irã usando uma carta modelo disponível.

PRESSÃO - “Ao longo da história, a pressão internacional é a única forma de garantir os direitos humanos nessas situações”, diz a brasileira Mary Caetana Aune-Cruz, graduada em Ciências Políticas pela UnB e secretária de ação com a sociedade e o governo da comunidade Bahá'í. Para ela, um dos grandes problemas é a falta de informação. “A população só se engaja se estiver informada”, analisa. Mary acredita que o Brasil tem um papel importante. “A aproximação com o regime iraniano possibilita trazer o assunto, antes isolado, à tona.”

A ideia de começar a campanha brasileira na UnB foi de Lia Cruz, estudante de Letras. “A UnB é palco de manifestações e é o lugar ideal para começar a campanha”, disse. O objetivo é que ela se espalhe por outros estados. O Brasil tem cerca de 60 mil Bahá'í e a sede nacional fica em Brasília. Para fechar a campanha, o professor Rafael Amaral Shayani, do Departamento de Engenharia Elétrica da UnB, Bahá'í, irá ministrar palestra sobre o tema “Educação para a Paz e Direitos Humanos”, às 19h desta quinta-feira, dia 24 de novembro. O representante da comunidade Bahá'í do Brasil, Iradj Eghrari, também participa. Todas as quinta-feiras, às 13h, acontece uma reunião na entrada da Faculdade de Educação com orações.

DEUS - Os Bahá'ís seguem o princípio da livre pesquisa da verdade. É uma religião nova, surgida em 1863, professada pelo iraniano Bahá'u'lláh. São contra o proselitismo religioso e acreditam na unidade das religiões e no processo de desenvolvimento gradual da humanidade. Por isso acreditam que, além de Bahá'u'lláh, Krishna, Abraão, Buda, Jesus, Maomé também foram mensageiros de Deus. Em vez de rituais, realizam reuniões ecumênicas e atividades educativas. Não existe um clero e por isso, em vez de pastores, padres ou sacerdotes, cada um professa sua fé. “Você é responsável por sua vida espiritual”, diz Lia.

Acesse a notícia no portal da UnB.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

GENTE EM AÇÃO CONSTRUINDO RESULTADOS

GENTE EM AÇÃO CONSTRUINDO RESULTADOS

Virginia Spinassé (*)

O 37º CONARH – Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas, aconteceu no período de 15 a 17 de agosto de 2011 no Transamérica Expo Center em São Paulo. Consolidado como o maior e mais importante evento de Gestão de Pessoas da América Latina, o CONARH teve a participação de 3.400 congressistas, 20.000 visitantes e 120 expositores. Todas essas pessoas puderam assistir 9 palestras magnas, 27 palestras simultâneas, 7 fóruns, 2 painéis de pesquisas e 47 palestras gratuitas.

O CONARH é idealizado e construído pela ABRH – Associação Brasileira de Recursos Humanos, uma instituição não-governamental, existente há 45 anos, com 23 seccionais desvinculadas juridicamente e independentes, sem fins lucrativos que tem como missão disseminar conhecimento sobre o mundo do trabalho para desenvolver pessoas e organizações, influenciando na melhoria da condição social, política e econômica do país. Todo o trabalho é feito em forma de voluntariado.

O tema central do CONARH foi dividido em cinco eixos que nortearam os debates: VPS e Diretores de RH; Profissionais de RH em Cargos Intermediários, Jovens Profissionais de RH; Gestores de Pessoas e Profissionais de RH na Gestão Pública.
Alguns temas foram abordados em praticamente todas as palestras. Um deles foi a escassez de profissionais qualificados para ocuparem as vagas de emprego neste momento espetacular pelo qual está passando o Brasil. Apesar de ser uma frase comum, ficou claro que o caminho é a educação. Porém, esse é um caminho em longo prazo. As empresas não podem esperar. Muitas delas estão investindo pesado no desenvolvimento de seus funcionários para, dessa forma, amenizar o tão falado “apagão de talentos”. O mais preocupante nisso tudo é a falta de líderes e a incógnita de como formá-los em tempo recorde. Não estamos conseguindo formar profissionais nem na quantidade e nem na qualidade que precisamos. Afinal, o principal ator da retenção dos talentos nas organizações é o líder.

Através da fala dos muitos Diretores de RH presentes ao Congresso, tivemos uma feliz notícia: os talentos que ainda estão disponíveis no mercado procuram empresas que tenham valores alinhados aos seus. Existe uma busca pela qualidade de vida no trabalho, por empresas socialmente responsáveis, por organizações onde os líderes gostem de gente, onde a comunicação seja transparente.

Através dos debates nas palestras do eixo Profissionais de RH na Gestão Pública foi possível observar que é inegável a natureza política da Administração Pública. Sabemos que o setor privado pode tudo desde que seja legal e o setor publico só pode fazer o que está na lei, sempre seguindo o princípio da isonomia. Apesar de alguns limites inerentes ao setor, uma nova Administração Pública está surgindo, baseada na meritocracia. Foram apresentados casos de sucesso de implantação de Programas de Adequação ao Cargo – após concurso público – e implantação de Programas de Avaliação de Desempenho e Programa de Metas com Remuneração Variável, todos na área pública. Isso nos leva a crer que um novo Servidor Público está surgindo, cada vez mais consciente do seu importante papel junto à sociedade.

O grande astro do congresso, o RH, foi tratado com toda pompa da qual é merecedor. O saldo dos debates sobre a área de Gestão de Pessoas foi extremamente positivo. Em primeiro lugar é importante lembrar que a gestão de pessoas é responsabilidade de qualquer gestor e não apenas de uma determinada área da organização. Os gestores deixaram de ser gerenciadores da produção e da CLT para ser desenvolvedores de talentos. O RH passou do papel de vítima para o de protagonista, parceiro, elemento central de sustentação do negócio.

As pessoas precisam muito menos de orientação técnica e mais de suporte humano: afeto, cuidado. A diferença entre as organizações é feita pelas pessoas. Para que elas estejam felizes é preciso estar engajadas, conectadas emocionalmente com a organização. Quando os funcionários estão satisfeitos os clientes também ficarão satisfeitos. As empresas precisam estar atentas ao clima organizacional, implementando ações que aumentem o sentimento de pertencimento à organização, para que os colaboradores sintam prazer em trabalhar. O processo de comunicação interno é fundamental para o sucesso de ações voltadas para o reconhecimento, educação e desenvolvimento.

Hoje, a palavra da Gestão de Pessoas é ENGAJAMENTO! As empresas estão trabalhando incessantemente para tornar o ambiente organizacional um local onde seja possível trabalhar com felicidade, com brilho no olho. A fórmula é simples: gostar de gente, valorizar o potencial humano, a criatividade, os valores éticos. Liderar pelo exemplo, ser coaching e ter prazer em ver as pessoas evoluindo. Pessoas não são controláveis, são motivadas. E quando estão motivadas estão conectadas emocionalmente: engajadas!

Este é o RH rumo a um novo tempo: Acreditar na capacidade do ser humano de se reinventar a todo momento nesta aldeia global: tão grande na sua diversidade e tão pequena na sua conectividade.

(*) Virginia Spinassé é Especialista em Gestão de Pessoas, Consultora de Empresas, Professora de Cursos de Graduação e Pós-graduação e Membro do Conselho Administrativo da ABRH-AL.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

SER ESPECIAL É SER FELIZ

Contei esta história para algumas pessoas, mas faço questão de deixar registrada neste blog.

Tudo começou quando em 27 de abril de 1984 nasceu nosso primeiro filho – AUGUSTO. Foi a minha primeira experiência com uma criança! Morava numa cidade com poucos recursos e sem familiares por perto.

Entretanto, o instinto materno foi me fazendo perceber que havia alguma coisa diferente com o meu filho. O desenvolvimento era lento: demorou a sentar, a engatinhar, a andar, a falar...

Em uma das visitas ao pediatra, quando Augusto estava com dois anos e eu grávida da minha filha Heloisa, ele me indicou uma fonoaudióloga, por conta da demora da fala. Através dela – Ruth Araújo (a quem agradecerei eternamente), passamos a procurar outros especialistas para examinarem Augusto.

Diagnósticos? Muitos! Ouvi de tudo: de psicose infantil a autismo.
Explicações? Mínimas.
Soluções? Nenhuma.

De acordo com um excelente médico de Garanhuns – o único que há pouco tempo nos deu um diagnóstico coerente - nosso filho tem “retardo mental não identificado e outros transtornos de comportamentos”.

A realidade: um atraso no desenvolvimento da coordenação motora e uma deficiência intelectual que fazem com que Augusto tenha um comportamento diferente dos adultos considerados normais. Preferimos dizer que ele é ESPECIAL.

A história é longa, afinal Augusto tem 27 anos e desde que completou dois anos buscamos tudo que é possível para ele se desenvolva.

A pior parte: os preconceitos! A ignorância do ser humano frente àquilo que ele considera anormal.

A melhor parte: Os anjos que encontramos na nossa caminhada. Essas pessoas maravilhosas que nos apoiaram e apóiam na luta pelo desenvolvimento e pela INCLUSÃO de AUGUSTO na sociedade.

AUGUSTO é um anjo que quebrou as asas lá no céu e caiu, chegando assim em nossas vidas. Ter um anjo particular é privilégio de poucos. Com ele aprendemos a amar incondicionalmente. Aprendemos a ter paciência e compaixão. Aprendemos que o preconceito dói! Aprendemos a respeitar as pessoas apesar das diferenças.

Ter AUGUSTO nos tornou seres humanos melhores e mais felizes. Nossa existência foi transformada!

AUGUSTO nos dá grandes lições de vida. Recentemente ele nos emocionou até as lágrimas e nos fez refletir um pouco mais sobre a vida e o que fazemos com ela.

Vamos ao momento:

Estávamos em uma lanchonete da cidade quando entrou uma pessoa conhecida que também tem um filho nas mesmas condições do nosso. Então se deu a seguinte conversa:

Augusto:"Pai, Mãe! Olha lá: aquele é o filho dela. Ele é especial!"
Pai: "É mesmo?"
Augusto:"É! E eu também sou especial!"
Mãe: "O que é ser especial?"
Augusto:"É ser feliz! Eu sou muito feliz!!!!"

SER ESPECIAL É SER FELIZ! VAMOS TENTAR SER ESPECIAIS TAMBÉM?
É TÃO SIMPLES...

quinta-feira, 10 de março de 2011

8 DE MARÇO - DIA INTERNACIONAL DAS MULHERES

Por Mary Caetana Aune-Cruz*

Há exatos 100 anos o mundo passou a celebrar, em 8 de março de cada ano, o Dia Internacional das Mulheres. A data fora definida no ano anterior pelos participantes de uma conferência das Nações Unidas como uma maneira de lembrar os países sobre a necessidade de se garantir que os direitos das mulheres fossem tratados com a devida consideração.

Muitos anos antes, em 1848, uma jovem persa de 36 anos atreveu-se a aparecer publicamente despida do véu que cobria seu rosto. Ela o fez por acreditar na Mensagem do Báb – Profeta Precursor da Fé Baháí – que dizia que mulheres e homens deveriam trabalhar juntos para o progresso da sociedade. Poetisa e teóloga, ela era reconhecida em seu meio pela eloquência com que defendia suas posições, nunca permitindo que as regras e convenções de sua sociedade a impedissem de atingir seu potencial. Esta jovem ficou conhecida como Tahirih, “A Pura” - a primeira mulher a aceitar a Fé de Baháulláh e a proclamar direitos iguais para mulheres e homens na antiga Pérsia.

Os próprios seguidores do Báb, reunidos em uma conferência na cidade de Badasht, incomodavam-se com a presença dessa bela mulher. Apesar de acreditarem na mensagem trazida pelo Manifestante de Deus, esses homens tinham sentimentos bastante fortes com relação à posição das mulheres na sociedade, e seria preciso tempo para que compreendessem e se acostumassem com a ideia da igualdade. Conta-se que a aparição de Tahirih sem o véu os deixou extremamente perturbados, e que um deles cortou a própria garganta ao vê-la daquela maneira.

Juntamente com outros Bábís, Tahirih sofreu inúmeras perseguições e exílios pelo receio que as autoridades tinham diante da influência dos princípios que defendiam na sociedade. Em 1852, ela foi presa na casa do governador de Teerã, sendo impedida de se comunicar com quem quer que fosse. Três meses depois, uma carta do próprio Rei – que já havia expressado admiração por sua beleza e erudição – dizia que ela seria libertada e teria o privilégio de ser tomada como sua esposa, desde que, na presença de dois clérigos, renegasse sua fé e se declarasse muçulmana. Sua resposta foi imediata: “Podem me matar assim que quiserem, mas não podem impedir a emancipação das mulheres!”.

Tahirih foi estrangulada com um lenço que ela própria escolheu e seu corpo foi então jogado em um poço. Passados mais de 160 anos desde que essa luta começou a se popularizar, episódios de violência, discriminação e repressão às mulheres ainda são comuns em todos os países do mundo. No Brasil, a cada cinco segundo uma mulher é vítima de violência. Nos Estados Unidos e na Europa, a “coisificação” das mulheres ainda reproduz uma ideologia de culto ao corpo em detrimento do potencial humano de contribuição que podem oferecer à sociedade. Em vários países da África, a mutilação genital ainda é tida como uma questão de tradição, ignorando o fato de que o corpo é o templo da alma humana e precisa ser preservado. Na Índia, as taxas de infanticídio contra meninas seguem altas, devido ao fato de as famílias não terem condições de arcar com o dote que corresponde ao casamento de suas numerosas filhas. Na América Latina, o serviço doméstico priva uma quantidade absurda de meninas e jovens de darem seguimento a seus estudos, além de expô-las a uma dura realidade de abusos psicológicos, laborais e sexuais. Infelizmente, esta lista poderia se estender por longas páginas...

Apesar disso, assim como Tahirih, um número crescente de mulheres por todo o mundo seguem contribuindo ombro a ombro com os homens justos para a melhora de suas comunidades, dotadas de muita perseverança e fé na igualdade que buscam conquistar. Cada vez mais, elas têm ocupado funções de destaque na sociedade, seja em termos da liderança familiar e comunitária, no comando de grandes empresas públicas e privadas ou nos governos. Estudos revelam que, uma vez que chegam ao poder, dificilmente perdem sua influência. O exemplo das vidas dessas mulheres demonstra que a resposta adequada à opressão não está em sucumbir em resignação nem em assumir as características do opressor. Transcender a opressão só é possível por meio de uma força interior que protege a alma da amargura e do ódio e que dá sustento à ação consistente, baseada em princípios como a justiça, a unidade e a promoção da paz.

Baháulláh ensina que o equilíbrio entre o masculino e o feminino é a única forma de fazer com que a humanidade possa avançar. Enquanto as energias puramente masculinas dominam as esferas de tomada de decisão, é impossível garantir que o desenvolvimento ocorra de maneira plena. As guerras persistirão, as desigualdades crescerão e o meio ambiente continuará a sofrer, trazendo consequências nefastas para toda a população mundial. Isso não significa que as mulheres seriam “mais pacíficas”, “mais justas” ou “mais conscientes”; antes, quer dizer que ignorar a contribuição potencial feminina – que corresponde a mais da metade da população mundial total – nos impede, enquanto coletividade, de enxergar a realidade de maneira integral e buscar soluções eficientes para os problemas que afligem a humanidade.

A igualdade já é uma realidade em termos espirituais, visto que a alma não tem sexo. Resta-nos trabalhar para que ela possa se refletir também em nossa realidade material, garantindo a participação das mulheres em todos os campos de atividade humana a fim de estabelecer o clima moral e psicológico necessários para o estabelecimento da paz internacional e do progresso de uma nova civilização mundial.


* Mary Caetana Aune-Cruz é cientista política pela Universidade de Brasília (UnB) e membro da comunidade baháí.

sexta-feira, 4 de março de 2011

O CARNAVAL DA ALMA

O CARNAVAL DA ALMA Artur Da Távola É ter por dentro ecos formidáveis, batucadas existenciais, passistas encantadas realizando a coreografia da saudade. Ao lado delas, segue um jovem emocionado por viver e saber-se carioca em profundidade, identificado com tudo aquilo. Aquele jovem saiu no bloco da vida e foi para aonde? É não se agradar do Carnaval concreto, que tem tudo "demais": preços, "seguranças", angústia, crachás, barraquinhas, nudez grosseira e violência, vale dizer o oposto do espírito da festa.. É agradar-se como desejo de ser leve e solto, vagabundo e belo, e sem tantos deveres ou consciência. É preferir a alma da festa, ao seu corpo, embora estupefato diante da beleza de pessoas impossíveis. É a criação de um território próprio onde se é rei pelo cansaço de ser plebeu no território concreto dos homens. É ainda a ânsia de sair por aí, sem intenções ou objetivos, cansado de conhecer, analisar. Querendo apenas ser e viver. Sem cogitar. É não se aproveitar da fantasia para dizer verdades recalcadas e provocar ofensores. É sair por aí numa boa e com uma só disposição - a de nada ter a fazer, ninguém a quem convencer ou dar satisfações, a alegria liberta de dispor do próprio tempo e da própria vontade segundo o que vai acontecendo e não segundo os planos tensos e contraídos do "ter que fazer", "dizer", "compreender" ou "realizar". É ânsia de vôos e alegria. Necessidade de não cogitar e mergulhar na vida. Um instante de inconseqüência no meio da trajetória idiotamente lúcida, tão obscura. É mandar às favas a ânsia de metafísica, mera expressão dos medos que moram na mente, vizinhos dos pensamentos (não se dão bem, esses vizinhos!). É acordar tranqüilo e emocionado, certeza de festa. Só esperança, só juventude. Do lado de lá, tanto coração! Do lado de cá, tanta vontade! Apenas ser vítima da alma diabólica das festas, jamais autor ou relator, organizador ou apreciador. Vontade de ser passista ou tocador de surdo, de mergulhar no delírio, ser mais um, chutar seriedades e convicções, deveres e testemunhos. Vontade de tudo que só farei interiormente. Dá no mesmo...