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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O FIM DO MUNDO!



Um mundo que morre e outro que nasce

Por Gabriel Marques
 
Segundo as teorias que se popularizaram nos últimos anos e que ganharam força nestes últimos meses, o fim do mundo será mesmo agora em 21 de dezembro de 2012. Faltam, portanto, alguns pouquíssimos dias ou apenas algumas horas! 

Embora as Escrituras cristãs e de outras religiões falem da ocorrência do apocalipse, no fim dos tempos, as teorias dos últimos meses são baseadas nas interpretações do calendário Maya.
Os maias viveram na América Central, no período pré-hispânicos e tinham um calendário bastante preciso, que além de marcar a passagem do tempo, também previa a ocorrência das estações, de certos eventos que, então, orientavam sua civilização. O tempo para os Maya era dividido em eras e estas compreendendo treze períodos chamados ‘baktunes’, de aproximadamente 400 anos cada. O fim de uma era significava apenas o início de outra, numa visão cíclica e evolutiva; algo comum a vários outros povos e religiões. A inscrição encontrada num dos monumentos do sitio arqueológico de Tortuguero, no Sudoeste do México, fazia menção à data de 4 Ajaw 3 K’ank’in, que segundo os cálculos de diferentes arqueólogos apontavam para o dia 21 de dezembro de 2012. Isso levou, então, a um grupo de místicos a vincular tal data a uma visão apocalíptica, mesmo quando várias outras placas com inscrições descritivas do calendário Maya indique claramente apenas a renovação das eras, nada tendo a ver com o fim do mundo físico.
Vários outros fatores, entretanto, fizeram aumentar as teorias do fim do mundo. Dentre estes estão a aproximação do asteroide Toutatis – uma imensa rocha espacial viajando em direção ao planeta terra; a mudança do polo magnético do planeta, a maior ocorrência de desastres naturais, incluindo tornados e furacões, secas e inundações e terremotos cada vez mais devastadores. Crescentes são os grupos religiosos preocupados com o emergir destes sinais, muitos dos quais apontados nas Escrituras Cristãs como arautos do apocalipse, o fim dos tempos!

O fim dos tempos anunciado seja nas escrituras cristãs, budistas ou islâmicas, entretanto, não se referem ao fim do mundo físico, mas à renovação do modo de vida ou de uma nova era nos afazeres humanos, devido ao aparecimento do Messias ou do Santo Manifestante de Deus.

Como se vê, todas as profecias indicam que os sinais exteriores na natureza revelam também as correlatas mudanças internas que deverão ocorrer na vida humana, para que se ajuste ao novo tempo. Sabidamente as estações do ano têm sua influência não apenas na natureza, mas também em nossas vidas. Assim, na primavera, as nuvens derramam suas chuvas, o ar é agradável, o mundo se renova e uma nova roupagem veste as plantas, aparecendo um novo espírito vivificador.
         No verão, com o aumento do calor, dá-se o crescimento e desenvolvimento das potencialidades ocultas, aparecendo os frutos e indicando o tempo da colheita. O outono indica uma transição tumultuosa, na qual árvores antes viçosas e verdejantes murcham, esmaecendo-se as cores e trazendo pouco a pouco um ar sombrio a terra. Segue-se, então, o inverno com suas tempestades, nevadas, granizos, frio e morte. Essa sequencia de claras mudanças no mundo visível não é o fim do mundo, sinalizando apenas o fim de um ciclo solar ou daquilo que comumente aprendemos a chamar de ano.
            O ano ou ciclo solar é astronomicamente fixado e matematicamente calculado como sendo o tempo da rotação da terra ao redor do sol. Este período de 365,242199 dias, isto é, 365 dias + 5 horas + 48 minutos + 47 segundos e, tem sido dividido em nosso calendário ocidental (gregoriano) como tendo 12 meses de aproximadamente 30 dias cada um. O dia tem sido fixado como tendo 24 horas, cada uma delas com 60 minutos e cada um deste, por sua vez, com 60 segundos. Cabe lembrar, entretanto, que existem outros calendários atualmente em uso no mundo como o judeu (estão no ano 5.773), o islâmico (estão no ano 1.434 ) ou o mais recente, o bahá’í (estão no ano 167).
         Além desta divisão do ano em meses, ele está também dividido em estações ou fases (primavera, verão, outono e inverno), devido aos diferentes efeitos da incidência da luz solar sobre o planeta, resultantes do eixo de rotação da terra em relação ao plano orbital. Ainda assim, de maneira diferente do mundo ocidental, onde o ano tem quatro estações, países como a China possuem cinco estações; a Índia três estações. Já alguns países africanos apenas duas estações – a das chuvas, período quente e úmido, e o do cacimbo, estação seca e mais fresca pela noite. Isso é bem parecido com o clima da região norte e nordeste do Brasil.
Paralelo e para além das mudanças no mundo físico encontram-se a ocorrência de ciclos espirituais, cuja influência sobre a vida dos seres humanos é objeto de estudo e aprofundamento por todos os movimentos espiritualistas. Aqui, a consciência de que ciclos espirituais igualmente ocorrem e se renovam é fato consumado. O aparecimento do Santo Manifestante de Deus ao longo da história humana – Abraão, Moisés, Zoroastro, Buda, Jesus, Maomé, o Báb, Bahá’u’lláh... – representam o reaparecimento da primavera espiritual. Nas palavras de ‘Abdu’l-Bahá, o Mestre da doutrina bahá’í, esta estação “é o nascer do Sol da Realidade. O espírito humano reanima-se, o coração refresca-se e reforça-se, a alma torna-se mais pura; a existência recebe um novo impulso, a essência do homem rejubila-se, cresce, progride em virtudes e perfeições.” 
Os fundadores das grandes religiões foram cada um os educadores da infância coletiva do planeta, agentes de um processo civilizatório, cujos efeitos cumulativos de suas sucessivas missões trouxeram a humanidade ao ponto atual. Cada grande religião teve seu período de primavera, verão, outono e inverno espiritual, antes que uma nova era pudesse ter seu início. O ponto de referencia atual, na visão bahá’í, situa-se entre o fim do longo e tenebroso inverno da civilização islâmica e o início da primavera representado pelo aparecimento de Bahá’u’lláh – o Manifestante da era da maturidade da humanidade. 
Estando, portanto, no ponto de transição entre duas estações, podemos presenciar sinais e influências de ambas. Estamos na interface entre o fim de um mundo e o início de outro. As mudanças serão graduais e não ocorrem da noite para o dia. Assim, embora no âmbito da nova primavera espiritual já se vislumbre uma ressurreição universal, um novo período de progresso, de alegria e felicidade da Graça Divina, este é também um tempo de lamentação, é o dia do juízo, é a hora do caos e da angústia. Para os estudiosos da astrologia nos encontramos agora na Era de Peixes, mas na qual já se sente os efeitos visíveis da aproximação da Era de Aquários – uma era aclamada como a da fraternidade universal, com acelerados desenvolvimentos nos campos científicos, intelectual, social e principalmente espiritual.
Outro aspecto que é preciso levar em conta é o fato de o progresso não se dá apenas pela repetição continuada de estações, ciclos e eras. O progresso ocorre ao se aprimorar e avançar o conhecimento, ao se lapidar a aprendizagem individual e coletiva, num acúmulo sucessivo do conhecimento e do desenvolvimento das potencialidades humanas. Existem, portanto, estações, ciclos e eras universais que se renovam e avançam como por elipses ascendentes, nos quais círculos cada vez maiores de conhecimento ajudam no desenvolvimento do imenso potencial humano, desdobrando-se e revelando-se em novas capacidades.
Segundo os bahá’ís, “o homem alcançou o grau máximo da materialidade, e o começo da espiritualidade, ou seja, o fim da imperfeição e o princípio da perfeição. Está no último grau da escuridão e no começo da luz”. Por isso, segundo estes, foi dito que “no estado humano são assinalados o fim da noite e o princípio do dia; isto é, o homem é a soma de todos os graus da imperfeição e possui também os da perfeição. Fazer este lado predominar sobre aquele é o que visa o educador em seu esforço de orientar a alma humana.”.
É justamente esta maior iluminação nos afazeres humanos (vinculada também ao concomitante avanço nos campos da ciência e da tecnologia) o que tem feito emergir diante de nossa face, isto é, vir à tona tantas notícias sobre corrupção – ativa e passiva, sobre a debilidade da justiça nos afazeres humanos, do aumento de casos de racismo e discriminação e tantas outras agruras pelas quais têm sido expostos os seres humanos. A escuridão ou estado de imperfeição ou também inconsciência nada mais é que a falta da luz ou do conhecimento.  Esta nova luz, representada pela nova primavera, cujos raios lançam pouco a pouco iluminação sobre os afazeres humanos, é o que nos permite ver – numa escala e clareza nunca antes visto - a cruel realidade que nos rodeia, ao tempo em que a emergência de uma aspiração por novos padrões de justiça e equidade ganham força a cada dia.
Um mundo está mesmo morrendo e outro está nascendo!

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