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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

CULTIVAR A GESTÃO: DESENVOLVENDO PESSOAS E AS ORGANIZAÇÕES



Virginia Spinassé (*)

Nos dias 25 e 26 de novembro de 2013 vivenciamos em Maceió-AL o X CONGRESSO ALAGOANO DE GESTÃO DE PESSOAS da ABRH.

O tema - CULTIVAR A GESTÃO: DESENVOLVENDO PESSOAS E AS ORGANIZAÇÕES – norteou todas as palestras e debates inspirando os participantes a se engajarem nesse momento tão especial da gestão nas organizações.

Evidentemente que para se cultivar a gestão é necessário que aconteça a transformação do ambiente de trabalho. Rui Shiozawa (1), da organização Great Place to Work (responsável pela pesquisa sobre as Melhores Empresas para Trabalhar publicada pela Revista Época), tratou muito bem da questão mostrando o caminho para a transformação: inspirar os funcionários falando a verdade e escutando-os com sinceridade; desenvolver as pessoas para as suas vidas, tanto pessoal como profissionalmente e reconhecer e agradecer pelo bom trabalho; compartilhar os problemas, soluções e os resultados e vitórias, contratando pessoas que se adaptem à cultura da organização. Tudo isso levará as organizações a ter um ambiente de confiança, onde é possível trabalhar feliz.

Fundamental para essas ações chegue até os funcionários é a comunicação. Cibelle Pinheiro (2) e Ana Santiago (3) trataram do tema evidenciando a origem e o sentido da palavra comunicação: é do Latim communicatio, “ato de repartir, de distribuir”, literalmente “tornar comum”, de communis, “público, geral, compartido por vários”. “Comunhão”. Especificaram os tipos de comunicação interna e frisaram que, dentro da organização deve ser falada a mesma língua: da Portaria à Presidência. Quando isso acontece, as pessoas se sentem valorizadas, parte do processo. Cultivar a comunicação é reconhecer a sua importância, trabalhar as lideranças para um mesmo discurso e comunicar através do diálogo transparente, da verdade e da coerência. As organizações devem comunicar para obter resultados; devem comunicar também para potencializar atitudes, especialmente devem enfatizar o poder do obrigado, do elogio e do sorriso.

Todo potencial organizacional gerado pelo conhecimento e pelas atitudes das pessoas não pode e não deve ser perdido quando essas pessoas deixa a organização. Uma técnica efetiva, eficiente e eficaz de multiplicar o conhecimento e desenvolver pessoas tem sido aplicada em muitas organizações, incluindo a gestão pública. Trata-se do Mentoring, tema abordado por Paulo Erlich (4). Mentoring é um processo de relacionamento humano em que uma pessoa com conhecimento em determinada área, voluntariamente, estimula e influencia o desenvolvimento cognitivo e social de outra pessoa nas organizações. É a velha técnica de “ensinar o pulo do gato”, com uma nova roupagem. Paulo Erlich mostrou o programa de Mentoring desenvolvido pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco, onde os Juízes com mais tempo na profissão (Mentores) desenvolveram e orientaram os novos Juízes (Mentorados). Entre os muitos benefícios do Mentoring pode-se se citar a socialização, a aculturação, maior produtividade e resultados mais rápidos.

Além do caso do TJPE na gestão pública, foi possível conhecer o caso da Natura e o seu arrojado programa de Desenvolvimento de Lideranças, mostrado por Marcelo Madaraz (5). Em uma exposição inspiradora, mostrou que só é possível desenvolver líderes quando a organização sabe aonde quer chegar, tem objetivo e metas e clareza do que espera de seus líderes. A Natura quer líderes que realizem, inovem e inspirem. A partir desse parâmetro foi desenvolvido o programa com duração de dois anos. Entre as atividades de desenvolvimento aconteceram palestras com toda diversidade de líderes: desde o vendedor de picolé a socialite; com filósofos, gestores e fundadores da empresa; oficinas e visitas às comunidades carentes; idas ao teatro e ao cinema, sempre com o foco nas competências necessárias ao líderes Natura.

A Educação Empreendedora foi tema do painel formado por professores e empreendedores como: Avelino Balbino (6), Antonio Oliveira (7), Maria da Penha (8), mediados por Alberto Cabús (9). O debate girou em torno do que é necessário para que se formem profissionais empreendedores. Antonio Oliveira deixou claro que empreender é uma atitude diferenciada diante de fatores que poderiam nos impedir de ir adiante, empreender é ter foco, ser inovador, ter capacidade de convencimento, ver os problemas como oportunidades e ser eficaz nas atividades. O mercado sente falta de profissionais empreendedores. O professor Avelino lançou a proposta de se criar uma agenda para a educação empreendedora: expor o empreendedorismo como uma profissão, estimular a atitude empreendedora nas crianças, criar um ambiente empreendedor desde cedo. O processo de mudança passa pela educação e é de longo prazo. Maria da Penha mostrou que o empreendedorismo ainda é uma revolução silenciosa e que uma empresa sem intraempreendedores não vai muito longe. A grande sacada é investir na educação empreendedora para construir uma base de profissionais mais preparados para transpor desafios e soluções.

Quando falamos em mudanças, sempre lembramos que mudar é complicado e que as mudanças acontecem de dentro para fora. Regina Migliori (10) deu uma aula excepcional sobre as Neurociências e o Desenvolvimento da Inteligência Ética. Explanou sobre como é possível mudarmos os nossos modelos mentais de comportamento. Foi simples entender como as estruturas de pensamento se instalam e como podem ser transformadas. Precisamos usar a nossa inteligência para entender globalmente a humanidade, buscar soluções e lidar com os seres humanos de outra forma, despertando neles o seu melhor. Para mudar cada modelo mental é necessário ter atenção (interesse), fixação (repetição) e evocação (memória). Só assim a aprendizagem acontece, alterando a estrutura do cérebro e passando então a se tornar uma atitude. Um mundo melhor só nascerá se antes nascer dentro de nós. E para isso precisamos usar a nossa estrutura cerebral a serviço de uma consciência benéfica. Construir um novo modelo de vida depende da mudança de hábitos. Regina ainda falou sobre a importância de nos conhecermos e sugeriu a prática da meditação. Através dela é possível reduzir o estresse, a ansiedade, a hiperatividade, melhorar os níveis de aprendizagem e qualidade nos relacionamentos.

Especialmente na vida profissional estamos sempre em busca do sucesso. Carlos Henrique Amaral de Souza (11) abordou o tema, questionando o que realmente é o sucesso. Mostrou que o sucesso não é experiência individual, só acontece no coletivo. É a consciência do presente direcionando nossas ações. Sucesso é quando a ação que fazemos se multiplica, é a consequência do que nos motiva a agir. Então devemos ter apenas um medo na vida: o de ser a causa de sofrimento para alguém. Alguns obstáculos às experiências de sucesso: não persistir, não estar satisfeito (motivado), não nos sentirmos parte do processo. Só somos felizes quando possibilitamos ao outro ser feliz. Isto é sucesso!


Como educar e desenvolver novos líderes no mundo atual? Márcia Vespa (12) falou sobre a questão da resistência das pessoas aas mudanças e das diversas gerações que estão no mercado de trabalho, com formas de agir bem distintas e que tem que trabalhar e gerar resultados. Lembrou que quando conseguimos compreender o padrão mental de cada geração fica muito mais fácil o relacionamento, o desenvolvimento dos comportamentos e a busca pelos resultados. Nesse contexto o ato de planejar é indispensável e novamente é trazida à tona a necessidade primordial: as organizações precisam ter claro onde querem chegar, como querem chegar, e com que profissional pretendem fazer isso. Planejar juntos e estimular o autoconhecimento, a reflexão e participação de todos são passos decisivos no processo de educação dos líderes.

O painel de gestão pública com o Eduardo Seton – Secretário de Ciência e Tecnologia do Estado de Alagoas, Luiz Geraldo – gestor da UNEAL – Universidade Estadual de Alagoas e Fábio Leão – gestor da DESENVOLVE ALAGOAS – Agência de Fomento do Estado, mediado por Robson Nunes – dos CORREIOS, debateu o caminho para a governança pública. Ficou evidente que o grande desafio para a gestão pública passa pela CONFIANÇA. Ela precisa ser resgatada e isso passa pela elevação da autoestima do servidor público e pela motivação. A gestão pública precisa formar líderes evoluídos espiritualmente, com valores éticos e morais fortes. Os líderes da gestão pública necessitam fazer com que as pessoas se engajem no processo de melhorias e de mudança comportamental. É importante nesse contexto que a hélice tríplice Governo – Universidade – Mercado se torne uma engrenagem que funcione, com cada um tentando se colocar no lugar do outro para entender as dificuldades e então fazer com que essa engrenagem produza um produto de qualidade. É necessário que aqueles que não querem fazer nada na gestão pública saiam da frente daqueles que querem fazer diferente. Com o suporte do governo e com as universidades entendendo e procurando suprir as necessidades do mercado, muita coisa pode ser mudada. É necessário ter visão de futuro, analisar cenários para formar gestores que atendam os anseios da sociedade.

Em meio a tudo isso, temos a ascensão cada vez maior aos postos de gestão. Leyla Nascimento (13) – Presidente da ABRH Nacional veio responder a pergunta: mulher na gestão – tem diferença? Ficou claro que as organizações não estão mais olhando a questão de gênero e sim a competência e a capacidade de atingir resultados. Mesmo assim mulheres ganham menos que os homens em cargos iguais e ainda o número de mulheres gestoras é muito inferior ao número de homens. É uma mudança cultural na qual a mulher ainda enfrenta alguns desafios. Algumas diferenças na gestão das mulheres se devem ao fato de que a mulher está mais acostumada a líder com diferentes cenários em apena um dia e sabe lidar com todos eles. A mulher usa mais a percepção, a intuição, faz várias atividades ao mesmo tempo e está acostumada ao planejamento e controle devido a lidar com isso como dona de casa. Homens e Mulheres na gestão precisam desenvolver cada vez mais a confiança e a chave para isso é a clareza de objetivos para que a mudança cultural aconteça.

Para colocar em prática o aprendizado e mudar nossos modelos mentais, precisamos estar saudáveis e equilibrados emocionalmente. José Rubens D’eliá (14) – Preparador Físico de vários atletas vencedores - mostrou a importância dos exercícios físicos em nossa vida. Em um bate-papo informal e prazeroso falou sobre os vários tipos de exercício, como se deve fazer para escolher o que mais se adéqua à realidade e a necessidade de cada um e da importância de termos um tempo para nós mesmos. Ficou claro que sem saúde nada é possível e que na agenda diária da vida nós somos a prioridade!

(*) Virginia Spinassé - Especialista em Gestão de Pessoas, Consultora de Empresas e Professora de Graduação e Pós-Graduação, Membro da ABRH-AL.

(1) Rui Shiozawa - CEO do Instituto Great Place to Work (GPTW)
(2) Cibelle Pinheiro – Consultora, Doutoranda em Ciências da Comunicação e tem especialização em Comunicação Estratégica e Organizacional pela Universidade do Minho, em Portugal.
(3) Ana Santiago - Doutoranda em Ciências da Comunicação pela Universidade do Minho, além de possuir larga experiência como formadora e palestrante internacional nas áreas de Imagem, Comunicação e Desenvolvimento Pessoal. Ela é docente de Relações Públicas no ensino superior desde 2005, e coach profissional desde 2010.
(4) Paulo Erlich – Consultor em Gestão da Promoção da Saúde Corporativa e Diretor da Lumina Consultoria. Pós-graduado em Administração pela UPE.
(5) Marcelo Madaraz – Gerente de Desenvolvimento de Lideranças da Natura.
(6) Avelino Balbino – Diretor da AB Escola de Negócios, Economista
(7) Antonio Oliveira – Atual Secretário de Esportes e Lazer de Maceió, professor universitário
(8) Maria da Penha – Presidente da ABRH-PB, Consultora de Empresas
(9) Alberto Cabus – Diretor da empresa Fika Frio
(10)Regina Migliori - Trabalha em projetos de desenvolvimento humano centrados em valores e sustentabilidade com empresas, governos, instituições de educação, e organismos internacionais.
(11) Carlos Henrique Amaral de Souza – Monge Budista
(12) Márcia Vespa – Diretora de Educação Corporativa da Leme Consultoria. Psicóloga.
(13) Leyla Nascimento – Presidente da ABRH Nacional, Atua há mais de 20 anos em trabalhos voltados para o desenvolvimento de RH.
(14) José Rubens D’eliá – formado em Educação Física e em Administração. Pós-graduado em Fisiologia do Exercício. Comentarista da Rede Globo.

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