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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

CULTIVAR A GESTÃO: DESENVOLVENDO PESSOAS E AS ORGANIZAÇÕES



Virginia Spinassé (*)

Nos dias 25 e 26 de novembro de 2013 vivenciamos em Maceió-AL o X CONGRESSO ALAGOANO DE GESTÃO DE PESSOAS da ABRH.

O tema - CULTIVAR A GESTÃO: DESENVOLVENDO PESSOAS E AS ORGANIZAÇÕES – norteou todas as palestras e debates inspirando os participantes a se engajarem nesse momento tão especial da gestão nas organizações.

Evidentemente que para se cultivar a gestão é necessário que aconteça a transformação do ambiente de trabalho. Rui Shiozawa (1), da organização Great Place to Work (responsável pela pesquisa sobre as Melhores Empresas para Trabalhar publicada pela Revista Época), tratou muito bem da questão mostrando o caminho para a transformação: inspirar os funcionários falando a verdade e escutando-os com sinceridade; desenvolver as pessoas para as suas vidas, tanto pessoal como profissionalmente e reconhecer e agradecer pelo bom trabalho; compartilhar os problemas, soluções e os resultados e vitórias, contratando pessoas que se adaptem à cultura da organização. Tudo isso levará as organizações a ter um ambiente de confiança, onde é possível trabalhar feliz.

Fundamental para essas ações chegue até os funcionários é a comunicação. Cibelle Pinheiro (2) e Ana Santiago (3) trataram do tema evidenciando a origem e o sentido da palavra comunicação: é do Latim communicatio, “ato de repartir, de distribuir”, literalmente “tornar comum”, de communis, “público, geral, compartido por vários”. “Comunhão”. Especificaram os tipos de comunicação interna e frisaram que, dentro da organização deve ser falada a mesma língua: da Portaria à Presidência. Quando isso acontece, as pessoas se sentem valorizadas, parte do processo. Cultivar a comunicação é reconhecer a sua importância, trabalhar as lideranças para um mesmo discurso e comunicar através do diálogo transparente, da verdade e da coerência. As organizações devem comunicar para obter resultados; devem comunicar também para potencializar atitudes, especialmente devem enfatizar o poder do obrigado, do elogio e do sorriso.

Todo potencial organizacional gerado pelo conhecimento e pelas atitudes das pessoas não pode e não deve ser perdido quando essas pessoas deixa a organização. Uma técnica efetiva, eficiente e eficaz de multiplicar o conhecimento e desenvolver pessoas tem sido aplicada em muitas organizações, incluindo a gestão pública. Trata-se do Mentoring, tema abordado por Paulo Erlich (4). Mentoring é um processo de relacionamento humano em que uma pessoa com conhecimento em determinada área, voluntariamente, estimula e influencia o desenvolvimento cognitivo e social de outra pessoa nas organizações. É a velha técnica de “ensinar o pulo do gato”, com uma nova roupagem. Paulo Erlich mostrou o programa de Mentoring desenvolvido pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco, onde os Juízes com mais tempo na profissão (Mentores) desenvolveram e orientaram os novos Juízes (Mentorados). Entre os muitos benefícios do Mentoring pode-se se citar a socialização, a aculturação, maior produtividade e resultados mais rápidos.

Além do caso do TJPE na gestão pública, foi possível conhecer o caso da Natura e o seu arrojado programa de Desenvolvimento de Lideranças, mostrado por Marcelo Madaraz (5). Em uma exposição inspiradora, mostrou que só é possível desenvolver líderes quando a organização sabe aonde quer chegar, tem objetivo e metas e clareza do que espera de seus líderes. A Natura quer líderes que realizem, inovem e inspirem. A partir desse parâmetro foi desenvolvido o programa com duração de dois anos. Entre as atividades de desenvolvimento aconteceram palestras com toda diversidade de líderes: desde o vendedor de picolé a socialite; com filósofos, gestores e fundadores da empresa; oficinas e visitas às comunidades carentes; idas ao teatro e ao cinema, sempre com o foco nas competências necessárias ao líderes Natura.

A Educação Empreendedora foi tema do painel formado por professores e empreendedores como: Avelino Balbino (6), Antonio Oliveira (7), Maria da Penha (8), mediados por Alberto Cabús (9). O debate girou em torno do que é necessário para que se formem profissionais empreendedores. Antonio Oliveira deixou claro que empreender é uma atitude diferenciada diante de fatores que poderiam nos impedir de ir adiante, empreender é ter foco, ser inovador, ter capacidade de convencimento, ver os problemas como oportunidades e ser eficaz nas atividades. O mercado sente falta de profissionais empreendedores. O professor Avelino lançou a proposta de se criar uma agenda para a educação empreendedora: expor o empreendedorismo como uma profissão, estimular a atitude empreendedora nas crianças, criar um ambiente empreendedor desde cedo. O processo de mudança passa pela educação e é de longo prazo. Maria da Penha mostrou que o empreendedorismo ainda é uma revolução silenciosa e que uma empresa sem intraempreendedores não vai muito longe. A grande sacada é investir na educação empreendedora para construir uma base de profissionais mais preparados para transpor desafios e soluções.

Quando falamos em mudanças, sempre lembramos que mudar é complicado e que as mudanças acontecem de dentro para fora. Regina Migliori (10) deu uma aula excepcional sobre as Neurociências e o Desenvolvimento da Inteligência Ética. Explanou sobre como é possível mudarmos os nossos modelos mentais de comportamento. Foi simples entender como as estruturas de pensamento se instalam e como podem ser transformadas. Precisamos usar a nossa inteligência para entender globalmente a humanidade, buscar soluções e lidar com os seres humanos de outra forma, despertando neles o seu melhor. Para mudar cada modelo mental é necessário ter atenção (interesse), fixação (repetição) e evocação (memória). Só assim a aprendizagem acontece, alterando a estrutura do cérebro e passando então a se tornar uma atitude. Um mundo melhor só nascerá se antes nascer dentro de nós. E para isso precisamos usar a nossa estrutura cerebral a serviço de uma consciência benéfica. Construir um novo modelo de vida depende da mudança de hábitos. Regina ainda falou sobre a importância de nos conhecermos e sugeriu a prática da meditação. Através dela é possível reduzir o estresse, a ansiedade, a hiperatividade, melhorar os níveis de aprendizagem e qualidade nos relacionamentos.

Especialmente na vida profissional estamos sempre em busca do sucesso. Carlos Henrique Amaral de Souza (11) abordou o tema, questionando o que realmente é o sucesso. Mostrou que o sucesso não é experiência individual, só acontece no coletivo. É a consciência do presente direcionando nossas ações. Sucesso é quando a ação que fazemos se multiplica, é a consequência do que nos motiva a agir. Então devemos ter apenas um medo na vida: o de ser a causa de sofrimento para alguém. Alguns obstáculos às experiências de sucesso: não persistir, não estar satisfeito (motivado), não nos sentirmos parte do processo. Só somos felizes quando possibilitamos ao outro ser feliz. Isto é sucesso!


Como educar e desenvolver novos líderes no mundo atual? Márcia Vespa (12) falou sobre a questão da resistência das pessoas aas mudanças e das diversas gerações que estão no mercado de trabalho, com formas de agir bem distintas e que tem que trabalhar e gerar resultados. Lembrou que quando conseguimos compreender o padrão mental de cada geração fica muito mais fácil o relacionamento, o desenvolvimento dos comportamentos e a busca pelos resultados. Nesse contexto o ato de planejar é indispensável e novamente é trazida à tona a necessidade primordial: as organizações precisam ter claro onde querem chegar, como querem chegar, e com que profissional pretendem fazer isso. Planejar juntos e estimular o autoconhecimento, a reflexão e participação de todos são passos decisivos no processo de educação dos líderes.

O painel de gestão pública com o Eduardo Seton – Secretário de Ciência e Tecnologia do Estado de Alagoas, Luiz Geraldo – gestor da UNEAL – Universidade Estadual de Alagoas e Fábio Leão – gestor da DESENVOLVE ALAGOAS – Agência de Fomento do Estado, mediado por Robson Nunes – dos CORREIOS, debateu o caminho para a governança pública. Ficou evidente que o grande desafio para a gestão pública passa pela CONFIANÇA. Ela precisa ser resgatada e isso passa pela elevação da autoestima do servidor público e pela motivação. A gestão pública precisa formar líderes evoluídos espiritualmente, com valores éticos e morais fortes. Os líderes da gestão pública necessitam fazer com que as pessoas se engajem no processo de melhorias e de mudança comportamental. É importante nesse contexto que a hélice tríplice Governo – Universidade – Mercado se torne uma engrenagem que funcione, com cada um tentando se colocar no lugar do outro para entender as dificuldades e então fazer com que essa engrenagem produza um produto de qualidade. É necessário que aqueles que não querem fazer nada na gestão pública saiam da frente daqueles que querem fazer diferente. Com o suporte do governo e com as universidades entendendo e procurando suprir as necessidades do mercado, muita coisa pode ser mudada. É necessário ter visão de futuro, analisar cenários para formar gestores que atendam os anseios da sociedade.

Em meio a tudo isso, temos a ascensão cada vez maior aos postos de gestão. Leyla Nascimento (13) – Presidente da ABRH Nacional veio responder a pergunta: mulher na gestão – tem diferença? Ficou claro que as organizações não estão mais olhando a questão de gênero e sim a competência e a capacidade de atingir resultados. Mesmo assim mulheres ganham menos que os homens em cargos iguais e ainda o número de mulheres gestoras é muito inferior ao número de homens. É uma mudança cultural na qual a mulher ainda enfrenta alguns desafios. Algumas diferenças na gestão das mulheres se devem ao fato de que a mulher está mais acostumada a líder com diferentes cenários em apena um dia e sabe lidar com todos eles. A mulher usa mais a percepção, a intuição, faz várias atividades ao mesmo tempo e está acostumada ao planejamento e controle devido a lidar com isso como dona de casa. Homens e Mulheres na gestão precisam desenvolver cada vez mais a confiança e a chave para isso é a clareza de objetivos para que a mudança cultural aconteça.

Para colocar em prática o aprendizado e mudar nossos modelos mentais, precisamos estar saudáveis e equilibrados emocionalmente. José Rubens D’eliá (14) – Preparador Físico de vários atletas vencedores - mostrou a importância dos exercícios físicos em nossa vida. Em um bate-papo informal e prazeroso falou sobre os vários tipos de exercício, como se deve fazer para escolher o que mais se adéqua à realidade e a necessidade de cada um e da importância de termos um tempo para nós mesmos. Ficou claro que sem saúde nada é possível e que na agenda diária da vida nós somos a prioridade!

(*) Virginia Spinassé - Especialista em Gestão de Pessoas, Consultora de Empresas e Professora de Graduação e Pós-Graduação, Membro da ABRH-AL.

(1) Rui Shiozawa - CEO do Instituto Great Place to Work (GPTW)
(2) Cibelle Pinheiro – Consultora, Doutoranda em Ciências da Comunicação e tem especialização em Comunicação Estratégica e Organizacional pela Universidade do Minho, em Portugal.
(3) Ana Santiago - Doutoranda em Ciências da Comunicação pela Universidade do Minho, além de possuir larga experiência como formadora e palestrante internacional nas áreas de Imagem, Comunicação e Desenvolvimento Pessoal. Ela é docente de Relações Públicas no ensino superior desde 2005, e coach profissional desde 2010.
(4) Paulo Erlich – Consultor em Gestão da Promoção da Saúde Corporativa e Diretor da Lumina Consultoria. Pós-graduado em Administração pela UPE.
(5) Marcelo Madaraz – Gerente de Desenvolvimento de Lideranças da Natura.
(6) Avelino Balbino – Diretor da AB Escola de Negócios, Economista
(7) Antonio Oliveira – Atual Secretário de Esportes e Lazer de Maceió, professor universitário
(8) Maria da Penha – Presidente da ABRH-PB, Consultora de Empresas
(9) Alberto Cabus – Diretor da empresa Fika Frio
(10)Regina Migliori - Trabalha em projetos de desenvolvimento humano centrados em valores e sustentabilidade com empresas, governos, instituições de educação, e organismos internacionais.
(11) Carlos Henrique Amaral de Souza – Monge Budista
(12) Márcia Vespa – Diretora de Educação Corporativa da Leme Consultoria. Psicóloga.
(13) Leyla Nascimento – Presidente da ABRH Nacional, Atua há mais de 20 anos em trabalhos voltados para o desenvolvimento de RH.
(14) José Rubens D’eliá – formado em Educação Física e em Administração. Pós-graduado em Fisiologia do Exercício. Comentarista da Rede Globo.

domingo, 21 de julho de 2013

CONFERÊNCIAS DE JUVENTUDE PROMOVIDAS PELA COMUNIDADE BAHÁ'Í

Durante a abertura jovens se dispõe a transformar a sociedade
Brasília: Jovens e pré-jovens prontos para o serviço!

Após a abertura oficial da Conferência de Juventude de Brasília na manhã de 19 de julho, jovens entre 15 e 30 anos de idade do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil se reuniram para refletir sobre o mundo que os cerca e como eles podem interagir com este mundo. Eles também pensaram na geração que os seguem, os adolescentes entre 12 e 15 anos de idade. As forças que contribuem ou limitam o desenvolvimento espiritual e social dessas duas gerações levaram os jovens a se darem conta da responsabilidade que tem de acompanharem os pré-jovens a direcionarem suas vidas.
Eles reconheceram que estão expostos a forças negativas como o consumismo, o individualismo e as cobranças sociais que os pressionam. Mas examinando suas próprias vidas, perceberam que possuem uma vontade natural de promover a mudança do mundo, sem contar a energia, pronta para ser usada para este fim! Estas características da juventude, somadas as forças espirituais que atuam no mundo, permitem que os jovens possam superar essas e outras forças negativas. Prova disso é a disposição dos participantes ao longo do dia; chegaram à Brasília às vésperas da Conferência depois de horas e horas de viagem de ônibus e os que residem na região de Brasília estão há semanas cuidando de tudo para receber bem quem veio de muito mais longe. Os jovens participaram ativamente da programação do primeiro dia da Conferência e chegaram pontualmente à todas as atividades.

Jovens  da Bahia durante dinâmica de estudos
Uma outra força negativa bastante presente na vida dos jovens, independente de onde ou como vivam, é a separação das partes de compõem sua vida. Por exemplo, a separação entre a dimensão espiritual e a material da vida de um jovem, ou a separação entre trabalho e família, escola e lazer dificultam o potencial dos jovens de entenderam essas dimensões como partes complementares de um todo - suas próprias vidas - e aplicarem seus talentos em todas essas dimensões de forma equilibrada para o benefício de um coletivo. “Isso faz com que os jovens entendam que tudo isso faz parte de um ciclo que deve ser respeitado porque precisamos de outras pessoas e devemos dar a nossa contribuição. Ao mesmo tempo esse serviço oferecido ao coletivo é um ato extremamente abnegado e natural, em que eu não espero retorno”, explica Breno, 19, de Salvador na Bahia. Já a moradora de Brasília no Distrito Federal, Jordana, 25, acredita que os jovens servem melhor suas comunidades quando aprendem juntos a identificar as dimensões individuais e coletivas de suas vidas: “É preciso ter a vivência, que fica mais fácil quando todo mundo tenta se capacitar junto”.
 
 
Quando as dimensões espiritual e material estão conectadas, o jovem é capaz de direcionar os esforços de seu trabalho em ações que também ajudam a melhorar as condições de vida dos outros, como percebeu a jovem Anissa, 26, de Brasília. “Precisamos enxergar a vida como um todo. Quando comecei a estudar psicologia percebi o quanto o estudo me qualificou para o serviço e o quanto minha experiência prática me ajudava a entender os conceitos que eu aprendia”. Opinião compartilhada por Kamila, 28, de Vitória no Espírito Santo. “Nossa realidade não está fragmentada. Numa conversa entre amigos sobre o ambiente de trabalho, surge a ideia de uma Reunião Devocional para melhorar o ambiente. Aí você percebe que está tudo junto”.

O amadurecimento de duas gerações
Entre os 12 e 15 anos, os adolescentes passam por uma intensa fase de transição. Esse breve espaço de tempo é um período formativo que influenciará o resto de suas vidas. Estímulos e exemplos positivos são fundamentais neste período de amadurecimento para que os pré-jovens canalizem seus talentos e capacidades em ações que favoreçam tanto seu desenvolvimento como o do meio no qual estão inseridos.
Entender as transformações, os interesses e as forças que atuam sobre os pré-jovens, permitiu que os jovens percebessem o quanto eles tem a oferecer aos pré-jovens nessa fase tão determinante de suas vidas e o quanto eles mesmos amadurecem ao caminharem lado a lado com os pré-jovens.
“Uma força negativa que afeta muito os pré-jovens é a violência, muitas vezes psicológica, mas também física. Em uma cidade do interior do Acre foi detectado um alto índice de estupro e, se não houver uma intervenção, os pré-jovens crescerão achando que aquilo é normal”, revela Aleksandr, 22, de Rio Branco no Acre, enquanto pensa no que ele e outros jovens de sua comunidade poderiam fazer para ajudarem os mais novos a discernirem condutas inaceitáveis, como um estupro, de condutas construtivas para todos daquela região.
É muito comum que os pré-jovens identifiquem os jovens mais velhos como uma referência. Nesse sentido, o engajamento de jovens em iniciativas como o Programa de Empoderamento Espiritual de Pré-jovens é uma forma dos jovens exercerem uma influência positiva nesse processo de amadurecimento. Jarlene, 22, de Manaus no Amazonas, é uma animadora de um Grupo de Pré-jovens e compartilha com seu grupo como ela nota o amadurecimento dos pré-jovens e de sua compreensão sobre o impacto de seu ato de serviço. “Me sinto muito feliz com esse trabalho. A gente vê as coisas acontecendo! Essas atividades não vão ter resultados imediatos, mas a junção do todo é que vai fazer a mudança da sociedade”.

Sobre as Conferências de Juventude
A Conferência de Brasília acontece no Centro no Centro de Treinamento Educacional até este domingo. No Brasil, a próxima Conferência de Juventude será semana que vem Canoas (RS), entre 26 e 28 de julho. Ao todo 114 Conferências de Juventude estão sendo promovidas pelos bahá’ís entre julho e agosto, em diversos países. Se você tem entre 15 e 30 anos e quer descobrir como mudar o mundo, participe da Conferência de Canoas. As inscrições podem ser feitas em http://www.bahai.org.br/conferenciasjuventude.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

TARDE DE INVERNO (Carol Carolina)

Tarde de sábado ensolarada
É inverno mas está amena
Ouço o canto da passarada
E eu aqui com meu dilema...

Tentando escrever uma poesia
Olho o céu nesta tarde encantada
Não sei se vai sair o que queria
Vou tentar afinal não custa nada.

Meus versos, singelos falam de mim
Pretendo um dia ser uma artista
Sei que são simples os vejo assim
Alguém me disse tente, nunca desista!

Gosto de falar da Natureza
E tudo que nela está inserida
Consigo enxergar só a beleza
Se a maltratam também fico dolorida.

Mas terei que esperar a inspiração
Talvez mais tarde venha aflorar
Deixar sair brotar do coração
Versos para alguém admirar!

♫Carol Carolina

sexta-feira, 5 de abril de 2013

DIREITOS HUMANOS

Posicionamento da Comunidade Bahá’í do Brasil sobre a Presidência da CDHM-CD


março de 2013

O Presidente eleito da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, tendo em vista seu perfil pessoal e ideológico e o histórico de suas manifestações públicas, tem provocado uma série de reações que nos convidam a uma reflexão mais profunda. Trata-se da ausência da aplicação de um princípio norteador universal, com critérios para a eleição de quem pleiteie tal cargo, independentemente do partido ao qual esteja filiado – algo que já gerou situações similares naquela comissão no passado e agora se repete na atual legislatura.
Há paralelos que podem ser considerados na busca de uma solução para esta questão, como a própria composição do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (CDH-ONU). Para integrá-lo, um país deve cumprir com determinados quesitos de promoção, proteção e defesa dos direitos humanos:
A Resolução 60/251 da Assembleia Geral das Nações Unidas afirma os critérios de adesão que "ao eleger os membros do Conselho, os Estados-Membros devem ter em conta a contribuição dos candidatos à promoção e proteção dos direitos humanos e suas promessas e compromissos voluntários dos mesmos" (parágrafo nº 8). 1
O compromisso assumido diante do CDH-ONU pressupõe que o país manterá os padrões universalmente aceitos para os direitos humanos e enumera as ações assumidas por esse Estado na promoção e proteção dos direitos humanos. Tipicamente inclui-se uma listagem da participação do país em instituições internacionais, a qual está disponível para verificação pública.
Além disso, os candidatos devem aceitar que serão submetidos a avaliações periódicas, pelos demais países, de seu histórico de direitos humanos, algo conhecido como Mecanismo de Revisão Periódica Universal, caso conquistem um assento no CDH-ONU. Mesmo à luz das dificuldades conceituais e operacionais na efetivação dos direitos humanos, o reconhecimento deste conjunto de critérios como algo fundamental para assegurar um padrão mais elevado de integridade dos postulantes a membro do CDH-ONU permite que mecanismos estejam a postos para elevar gradualmente o padrão de conduta dos países que compõem o Conselho.
Uma experiência brasileira que pode ser útil no contexto da CDHM foi a elevação do padrão de postulantes a cargos eletivos públicos por meio da Lei da Ficha Limpa2. A lei é um mecanismo que permite assegurar de forma mais criteriosa que candidatos representem os valores morais e éticos mais elevados da sociedade brasileira. Sabemos que muito ainda podemos avançar em relação aos padrões de representatividade. Ainda assim, a Lei da Ficha Limpa desponta-se com esta intenção, e não coincidentemente recomendamos sua aplicação como critério nas futuras eleições do Parlamento do Mercosul.
A Comunidade Bahá'í do Brasil acredita que é chegado o momento de se aplicar princípios condizentes com a luta pelos direitos humanos, que vem sendo construída há décadas em nosso país, para assegurar a coerência das representações na Comissão de Direitos Humanos e Minorias, assim como nas demais comissões do Congresso Nacional brasileiro. Esses princípios e critérios devem ser tomados como ferramentas para que, diante do sistema político-partidário que compõe a estrutura democrática do país, o jogo político não implique em escolhas prejudiciais à isenta condução dos temas que as referidas comissões da Câmara e do Senado Federais têm, regimentalmente, a obrigação de promover, de acordo com os melhores interesses da Nação.
Cientes de que a definição desses princípios e critérios deverá passar por ampla consulta junto à sociedade civil, apresentamos algumas indagações que poderão nos auxiliar a amadurecer a ideia: Quais seriam os padrões exigidos para que um parlamentar pudesse representar com dignidade e representatividade o povo brasileiro na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados ou do Senado? Quais seriam os critérios adotados para avaliar-se o perfil de um parlamentar que tem por função assegurar o avanço da efetivação dos direitos humanos no Brasil e assegurar que as demais nações caminhem no mesmo sentido? Seria este padrão uma ferramenta preventiva para assegurar uma composição de membros que compreenda a diversidade humana? Estes critérios seriam garantidores de que somente participarão destas comissões parlamentares que compreendam a justiça como expressão prática da convicção de que o progresso humano está no alinhamento entre os interesses do indivíduo e da sociedade e que assim sirvam e representem com dignidade todo o povo brasileiro?
Apresentamos abaixo algumas possíveis respostas a essas perguntas, como uma contribuição para o processo a que nos referimos acima. Um(a) parlamentar que pleiteie ser membro da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal deve:
  • Apresentar um histórico pessoal na promoção e defesa de direitos humanos, de forma ampla e incondicional;
  • Apresentar uma proposta de ação como futuro membro da comissão, compatível e alinhada com todos os instrumentos internos de defesa, promoção e garantia dos direitos humanos, bem como dos instrumentos internacionais do qual o Brasil é signatário;
  • Estar livre de condenações, denúncias ou associação a situações que violem qualquer dos direitos humanos constantes nos mecanismos internos e externos acima mencionados.
Conclamamos as organizações e movimentos de direitos humanos, assim como a totalidade da sociedade civil brasileira, a dialogar a respeito do tema e assumir a responsabilidade pelo debate maduro acerca dessas questões. A reflexão sobre o princípio de estabelecimento de critérios e sua operacionalização deverá dar-se de forma democrática e participativa para que, de fato, padrões e critérios alinhados com a justiça e os direitos humanos pautem o pensamento e a ação dos futuros membros e presidentes das comissões temáticas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
2 http://www.fichalimpa.org.br/index.php/main/ficha_limpa

segunda-feira, 18 de março de 2013

A FÉ BAHÁ'Í

A Fé Bahá'í é a mais jovem das religiões mundiais independentes. O seu fundador, Bahá'u'lláh (1817-1892), é considerado pelos bahá'ís como o mais recente na linha dos Mensageiros de Deus, que remonta aos primórdios da história e da qual fazem parte Abraão, Moisés, Buda, Zoroastro, Cristo e Maomé.

O tema central da mensagem de Bahá'u'lláh é o conceito de que a humanidade representa uma única raça e que é chegado o dia de sua unificação em uma única sociedade global. Deus, declarou Bahá'u'lláh, pôs em marcha forças históricas que estão rompendo as barreiras tradicionais de raça, classe, credo e nação e que irão, no devido tempo, dar à luz uma civilazação universal. O principal desafio que se coloca aos povos do mundo é aceitar a realidade da unidade do gênero humano e auxiliar os processos de sua unificação.

Um dos propósitos da Fé Bahá'í é contribuir para que isto se torne realidade. Uma comunidade mundial formada por cerca de 5 milhões de bahá'ís, representando a maioria das nações, raças e culturas da Terra, está trabalhando para conferir aos ensinamentos de Bahá'u'lláh um resultado prático. A experiência desta comunidade é uma fonte de encorajamento para todos aqueles que compartilham de sua visão, segundo a qual a humanidade é uma única família global e o planeta, a sua terra natal.


Saiba mais: www.bahai.org.br

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O FIM DO MUNDO!



Um mundo que morre e outro que nasce

Por Gabriel Marques
 
Segundo as teorias que se popularizaram nos últimos anos e que ganharam força nestes últimos meses, o fim do mundo será mesmo agora em 21 de dezembro de 2012. Faltam, portanto, alguns pouquíssimos dias ou apenas algumas horas! 

Embora as Escrituras cristãs e de outras religiões falem da ocorrência do apocalipse, no fim dos tempos, as teorias dos últimos meses são baseadas nas interpretações do calendário Maya.
Os maias viveram na América Central, no período pré-hispânicos e tinham um calendário bastante preciso, que além de marcar a passagem do tempo, também previa a ocorrência das estações, de certos eventos que, então, orientavam sua civilização. O tempo para os Maya era dividido em eras e estas compreendendo treze períodos chamados ‘baktunes’, de aproximadamente 400 anos cada. O fim de uma era significava apenas o início de outra, numa visão cíclica e evolutiva; algo comum a vários outros povos e religiões. A inscrição encontrada num dos monumentos do sitio arqueológico de Tortuguero, no Sudoeste do México, fazia menção à data de 4 Ajaw 3 K’ank’in, que segundo os cálculos de diferentes arqueólogos apontavam para o dia 21 de dezembro de 2012. Isso levou, então, a um grupo de místicos a vincular tal data a uma visão apocalíptica, mesmo quando várias outras placas com inscrições descritivas do calendário Maya indique claramente apenas a renovação das eras, nada tendo a ver com o fim do mundo físico.
Vários outros fatores, entretanto, fizeram aumentar as teorias do fim do mundo. Dentre estes estão a aproximação do asteroide Toutatis – uma imensa rocha espacial viajando em direção ao planeta terra; a mudança do polo magnético do planeta, a maior ocorrência de desastres naturais, incluindo tornados e furacões, secas e inundações e terremotos cada vez mais devastadores. Crescentes são os grupos religiosos preocupados com o emergir destes sinais, muitos dos quais apontados nas Escrituras Cristãs como arautos do apocalipse, o fim dos tempos!

O fim dos tempos anunciado seja nas escrituras cristãs, budistas ou islâmicas, entretanto, não se referem ao fim do mundo físico, mas à renovação do modo de vida ou de uma nova era nos afazeres humanos, devido ao aparecimento do Messias ou do Santo Manifestante de Deus.

Como se vê, todas as profecias indicam que os sinais exteriores na natureza revelam também as correlatas mudanças internas que deverão ocorrer na vida humana, para que se ajuste ao novo tempo. Sabidamente as estações do ano têm sua influência não apenas na natureza, mas também em nossas vidas. Assim, na primavera, as nuvens derramam suas chuvas, o ar é agradável, o mundo se renova e uma nova roupagem veste as plantas, aparecendo um novo espírito vivificador.
         No verão, com o aumento do calor, dá-se o crescimento e desenvolvimento das potencialidades ocultas, aparecendo os frutos e indicando o tempo da colheita. O outono indica uma transição tumultuosa, na qual árvores antes viçosas e verdejantes murcham, esmaecendo-se as cores e trazendo pouco a pouco um ar sombrio a terra. Segue-se, então, o inverno com suas tempestades, nevadas, granizos, frio e morte. Essa sequencia de claras mudanças no mundo visível não é o fim do mundo, sinalizando apenas o fim de um ciclo solar ou daquilo que comumente aprendemos a chamar de ano.
            O ano ou ciclo solar é astronomicamente fixado e matematicamente calculado como sendo o tempo da rotação da terra ao redor do sol. Este período de 365,242199 dias, isto é, 365 dias + 5 horas + 48 minutos + 47 segundos e, tem sido dividido em nosso calendário ocidental (gregoriano) como tendo 12 meses de aproximadamente 30 dias cada um. O dia tem sido fixado como tendo 24 horas, cada uma delas com 60 minutos e cada um deste, por sua vez, com 60 segundos. Cabe lembrar, entretanto, que existem outros calendários atualmente em uso no mundo como o judeu (estão no ano 5.773), o islâmico (estão no ano 1.434 ) ou o mais recente, o bahá’í (estão no ano 167).
         Além desta divisão do ano em meses, ele está também dividido em estações ou fases (primavera, verão, outono e inverno), devido aos diferentes efeitos da incidência da luz solar sobre o planeta, resultantes do eixo de rotação da terra em relação ao plano orbital. Ainda assim, de maneira diferente do mundo ocidental, onde o ano tem quatro estações, países como a China possuem cinco estações; a Índia três estações. Já alguns países africanos apenas duas estações – a das chuvas, período quente e úmido, e o do cacimbo, estação seca e mais fresca pela noite. Isso é bem parecido com o clima da região norte e nordeste do Brasil.
Paralelo e para além das mudanças no mundo físico encontram-se a ocorrência de ciclos espirituais, cuja influência sobre a vida dos seres humanos é objeto de estudo e aprofundamento por todos os movimentos espiritualistas. Aqui, a consciência de que ciclos espirituais igualmente ocorrem e se renovam é fato consumado. O aparecimento do Santo Manifestante de Deus ao longo da história humana – Abraão, Moisés, Zoroastro, Buda, Jesus, Maomé, o Báb, Bahá’u’lláh... – representam o reaparecimento da primavera espiritual. Nas palavras de ‘Abdu’l-Bahá, o Mestre da doutrina bahá’í, esta estação “é o nascer do Sol da Realidade. O espírito humano reanima-se, o coração refresca-se e reforça-se, a alma torna-se mais pura; a existência recebe um novo impulso, a essência do homem rejubila-se, cresce, progride em virtudes e perfeições.” 
Os fundadores das grandes religiões foram cada um os educadores da infância coletiva do planeta, agentes de um processo civilizatório, cujos efeitos cumulativos de suas sucessivas missões trouxeram a humanidade ao ponto atual. Cada grande religião teve seu período de primavera, verão, outono e inverno espiritual, antes que uma nova era pudesse ter seu início. O ponto de referencia atual, na visão bahá’í, situa-se entre o fim do longo e tenebroso inverno da civilização islâmica e o início da primavera representado pelo aparecimento de Bahá’u’lláh – o Manifestante da era da maturidade da humanidade. 
Estando, portanto, no ponto de transição entre duas estações, podemos presenciar sinais e influências de ambas. Estamos na interface entre o fim de um mundo e o início de outro. As mudanças serão graduais e não ocorrem da noite para o dia. Assim, embora no âmbito da nova primavera espiritual já se vislumbre uma ressurreição universal, um novo período de progresso, de alegria e felicidade da Graça Divina, este é também um tempo de lamentação, é o dia do juízo, é a hora do caos e da angústia. Para os estudiosos da astrologia nos encontramos agora na Era de Peixes, mas na qual já se sente os efeitos visíveis da aproximação da Era de Aquários – uma era aclamada como a da fraternidade universal, com acelerados desenvolvimentos nos campos científicos, intelectual, social e principalmente espiritual.
Outro aspecto que é preciso levar em conta é o fato de o progresso não se dá apenas pela repetição continuada de estações, ciclos e eras. O progresso ocorre ao se aprimorar e avançar o conhecimento, ao se lapidar a aprendizagem individual e coletiva, num acúmulo sucessivo do conhecimento e do desenvolvimento das potencialidades humanas. Existem, portanto, estações, ciclos e eras universais que se renovam e avançam como por elipses ascendentes, nos quais círculos cada vez maiores de conhecimento ajudam no desenvolvimento do imenso potencial humano, desdobrando-se e revelando-se em novas capacidades.
Segundo os bahá’ís, “o homem alcançou o grau máximo da materialidade, e o começo da espiritualidade, ou seja, o fim da imperfeição e o princípio da perfeição. Está no último grau da escuridão e no começo da luz”. Por isso, segundo estes, foi dito que “no estado humano são assinalados o fim da noite e o princípio do dia; isto é, o homem é a soma de todos os graus da imperfeição e possui também os da perfeição. Fazer este lado predominar sobre aquele é o que visa o educador em seu esforço de orientar a alma humana.”.
É justamente esta maior iluminação nos afazeres humanos (vinculada também ao concomitante avanço nos campos da ciência e da tecnologia) o que tem feito emergir diante de nossa face, isto é, vir à tona tantas notícias sobre corrupção – ativa e passiva, sobre a debilidade da justiça nos afazeres humanos, do aumento de casos de racismo e discriminação e tantas outras agruras pelas quais têm sido expostos os seres humanos. A escuridão ou estado de imperfeição ou também inconsciência nada mais é que a falta da luz ou do conhecimento.  Esta nova luz, representada pela nova primavera, cujos raios lançam pouco a pouco iluminação sobre os afazeres humanos, é o que nos permite ver – numa escala e clareza nunca antes visto - a cruel realidade que nos rodeia, ao tempo em que a emergência de uma aspiração por novos padrões de justiça e equidade ganham força a cada dia.
Um mundo está mesmo morrendo e outro está nascendo!