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domingo, 21 de julho de 2013

CONFERÊNCIAS DE JUVENTUDE PROMOVIDAS PELA COMUNIDADE BAHÁ'Í

Durante a abertura jovens se dispõe a transformar a sociedade
Brasília: Jovens e pré-jovens prontos para o serviço!

Após a abertura oficial da Conferência de Juventude de Brasília na manhã de 19 de julho, jovens entre 15 e 30 anos de idade do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil se reuniram para refletir sobre o mundo que os cerca e como eles podem interagir com este mundo. Eles também pensaram na geração que os seguem, os adolescentes entre 12 e 15 anos de idade. As forças que contribuem ou limitam o desenvolvimento espiritual e social dessas duas gerações levaram os jovens a se darem conta da responsabilidade que tem de acompanharem os pré-jovens a direcionarem suas vidas.
Eles reconheceram que estão expostos a forças negativas como o consumismo, o individualismo e as cobranças sociais que os pressionam. Mas examinando suas próprias vidas, perceberam que possuem uma vontade natural de promover a mudança do mundo, sem contar a energia, pronta para ser usada para este fim! Estas características da juventude, somadas as forças espirituais que atuam no mundo, permitem que os jovens possam superar essas e outras forças negativas. Prova disso é a disposição dos participantes ao longo do dia; chegaram à Brasília às vésperas da Conferência depois de horas e horas de viagem de ônibus e os que residem na região de Brasília estão há semanas cuidando de tudo para receber bem quem veio de muito mais longe. Os jovens participaram ativamente da programação do primeiro dia da Conferência e chegaram pontualmente à todas as atividades.

Jovens  da Bahia durante dinâmica de estudos
Uma outra força negativa bastante presente na vida dos jovens, independente de onde ou como vivam, é a separação das partes de compõem sua vida. Por exemplo, a separação entre a dimensão espiritual e a material da vida de um jovem, ou a separação entre trabalho e família, escola e lazer dificultam o potencial dos jovens de entenderam essas dimensões como partes complementares de um todo - suas próprias vidas - e aplicarem seus talentos em todas essas dimensões de forma equilibrada para o benefício de um coletivo. “Isso faz com que os jovens entendam que tudo isso faz parte de um ciclo que deve ser respeitado porque precisamos de outras pessoas e devemos dar a nossa contribuição. Ao mesmo tempo esse serviço oferecido ao coletivo é um ato extremamente abnegado e natural, em que eu não espero retorno”, explica Breno, 19, de Salvador na Bahia. Já a moradora de Brasília no Distrito Federal, Jordana, 25, acredita que os jovens servem melhor suas comunidades quando aprendem juntos a identificar as dimensões individuais e coletivas de suas vidas: “É preciso ter a vivência, que fica mais fácil quando todo mundo tenta se capacitar junto”.
 
 
Quando as dimensões espiritual e material estão conectadas, o jovem é capaz de direcionar os esforços de seu trabalho em ações que também ajudam a melhorar as condições de vida dos outros, como percebeu a jovem Anissa, 26, de Brasília. “Precisamos enxergar a vida como um todo. Quando comecei a estudar psicologia percebi o quanto o estudo me qualificou para o serviço e o quanto minha experiência prática me ajudava a entender os conceitos que eu aprendia”. Opinião compartilhada por Kamila, 28, de Vitória no Espírito Santo. “Nossa realidade não está fragmentada. Numa conversa entre amigos sobre o ambiente de trabalho, surge a ideia de uma Reunião Devocional para melhorar o ambiente. Aí você percebe que está tudo junto”.

O amadurecimento de duas gerações
Entre os 12 e 15 anos, os adolescentes passam por uma intensa fase de transição. Esse breve espaço de tempo é um período formativo que influenciará o resto de suas vidas. Estímulos e exemplos positivos são fundamentais neste período de amadurecimento para que os pré-jovens canalizem seus talentos e capacidades em ações que favoreçam tanto seu desenvolvimento como o do meio no qual estão inseridos.
Entender as transformações, os interesses e as forças que atuam sobre os pré-jovens, permitiu que os jovens percebessem o quanto eles tem a oferecer aos pré-jovens nessa fase tão determinante de suas vidas e o quanto eles mesmos amadurecem ao caminharem lado a lado com os pré-jovens.
“Uma força negativa que afeta muito os pré-jovens é a violência, muitas vezes psicológica, mas também física. Em uma cidade do interior do Acre foi detectado um alto índice de estupro e, se não houver uma intervenção, os pré-jovens crescerão achando que aquilo é normal”, revela Aleksandr, 22, de Rio Branco no Acre, enquanto pensa no que ele e outros jovens de sua comunidade poderiam fazer para ajudarem os mais novos a discernirem condutas inaceitáveis, como um estupro, de condutas construtivas para todos daquela região.
É muito comum que os pré-jovens identifiquem os jovens mais velhos como uma referência. Nesse sentido, o engajamento de jovens em iniciativas como o Programa de Empoderamento Espiritual de Pré-jovens é uma forma dos jovens exercerem uma influência positiva nesse processo de amadurecimento. Jarlene, 22, de Manaus no Amazonas, é uma animadora de um Grupo de Pré-jovens e compartilha com seu grupo como ela nota o amadurecimento dos pré-jovens e de sua compreensão sobre o impacto de seu ato de serviço. “Me sinto muito feliz com esse trabalho. A gente vê as coisas acontecendo! Essas atividades não vão ter resultados imediatos, mas a junção do todo é que vai fazer a mudança da sociedade”.

Sobre as Conferências de Juventude
A Conferência de Brasília acontece no Centro no Centro de Treinamento Educacional até este domingo. No Brasil, a próxima Conferência de Juventude será semana que vem Canoas (RS), entre 26 e 28 de julho. Ao todo 114 Conferências de Juventude estão sendo promovidas pelos bahá’ís entre julho e agosto, em diversos países. Se você tem entre 15 e 30 anos e quer descobrir como mudar o mundo, participe da Conferência de Canoas. As inscrições podem ser feitas em http://www.bahai.org.br/conferenciasjuventude.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

TARDE DE INVERNO (Carol Carolina)

Tarde de sábado ensolarada
É inverno mas está amena
Ouço o canto da passarada
E eu aqui com meu dilema...

Tentando escrever uma poesia
Olho o céu nesta tarde encantada
Não sei se vai sair o que queria
Vou tentar afinal não custa nada.

Meus versos, singelos falam de mim
Pretendo um dia ser uma artista
Sei que são simples os vejo assim
Alguém me disse tente, nunca desista!

Gosto de falar da Natureza
E tudo que nela está inserida
Consigo enxergar só a beleza
Se a maltratam também fico dolorida.

Mas terei que esperar a inspiração
Talvez mais tarde venha aflorar
Deixar sair brotar do coração
Versos para alguém admirar!

♫Carol Carolina

sexta-feira, 5 de abril de 2013

DIREITOS HUMANOS

Posicionamento da Comunidade Bahá’í do Brasil sobre a Presidência da CDHM-CD


março de 2013

O Presidente eleito da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, tendo em vista seu perfil pessoal e ideológico e o histórico de suas manifestações públicas, tem provocado uma série de reações que nos convidam a uma reflexão mais profunda. Trata-se da ausência da aplicação de um princípio norteador universal, com critérios para a eleição de quem pleiteie tal cargo, independentemente do partido ao qual esteja filiado – algo que já gerou situações similares naquela comissão no passado e agora se repete na atual legislatura.
Há paralelos que podem ser considerados na busca de uma solução para esta questão, como a própria composição do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (CDH-ONU). Para integrá-lo, um país deve cumprir com determinados quesitos de promoção, proteção e defesa dos direitos humanos:
A Resolução 60/251 da Assembleia Geral das Nações Unidas afirma os critérios de adesão que "ao eleger os membros do Conselho, os Estados-Membros devem ter em conta a contribuição dos candidatos à promoção e proteção dos direitos humanos e suas promessas e compromissos voluntários dos mesmos" (parágrafo nº 8). 1
O compromisso assumido diante do CDH-ONU pressupõe que o país manterá os padrões universalmente aceitos para os direitos humanos e enumera as ações assumidas por esse Estado na promoção e proteção dos direitos humanos. Tipicamente inclui-se uma listagem da participação do país em instituições internacionais, a qual está disponível para verificação pública.
Além disso, os candidatos devem aceitar que serão submetidos a avaliações periódicas, pelos demais países, de seu histórico de direitos humanos, algo conhecido como Mecanismo de Revisão Periódica Universal, caso conquistem um assento no CDH-ONU. Mesmo à luz das dificuldades conceituais e operacionais na efetivação dos direitos humanos, o reconhecimento deste conjunto de critérios como algo fundamental para assegurar um padrão mais elevado de integridade dos postulantes a membro do CDH-ONU permite que mecanismos estejam a postos para elevar gradualmente o padrão de conduta dos países que compõem o Conselho.
Uma experiência brasileira que pode ser útil no contexto da CDHM foi a elevação do padrão de postulantes a cargos eletivos públicos por meio da Lei da Ficha Limpa2. A lei é um mecanismo que permite assegurar de forma mais criteriosa que candidatos representem os valores morais e éticos mais elevados da sociedade brasileira. Sabemos que muito ainda podemos avançar em relação aos padrões de representatividade. Ainda assim, a Lei da Ficha Limpa desponta-se com esta intenção, e não coincidentemente recomendamos sua aplicação como critério nas futuras eleições do Parlamento do Mercosul.
A Comunidade Bahá'í do Brasil acredita que é chegado o momento de se aplicar princípios condizentes com a luta pelos direitos humanos, que vem sendo construída há décadas em nosso país, para assegurar a coerência das representações na Comissão de Direitos Humanos e Minorias, assim como nas demais comissões do Congresso Nacional brasileiro. Esses princípios e critérios devem ser tomados como ferramentas para que, diante do sistema político-partidário que compõe a estrutura democrática do país, o jogo político não implique em escolhas prejudiciais à isenta condução dos temas que as referidas comissões da Câmara e do Senado Federais têm, regimentalmente, a obrigação de promover, de acordo com os melhores interesses da Nação.
Cientes de que a definição desses princípios e critérios deverá passar por ampla consulta junto à sociedade civil, apresentamos algumas indagações que poderão nos auxiliar a amadurecer a ideia: Quais seriam os padrões exigidos para que um parlamentar pudesse representar com dignidade e representatividade o povo brasileiro na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados ou do Senado? Quais seriam os critérios adotados para avaliar-se o perfil de um parlamentar que tem por função assegurar o avanço da efetivação dos direitos humanos no Brasil e assegurar que as demais nações caminhem no mesmo sentido? Seria este padrão uma ferramenta preventiva para assegurar uma composição de membros que compreenda a diversidade humana? Estes critérios seriam garantidores de que somente participarão destas comissões parlamentares que compreendam a justiça como expressão prática da convicção de que o progresso humano está no alinhamento entre os interesses do indivíduo e da sociedade e que assim sirvam e representem com dignidade todo o povo brasileiro?
Apresentamos abaixo algumas possíveis respostas a essas perguntas, como uma contribuição para o processo a que nos referimos acima. Um(a) parlamentar que pleiteie ser membro da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal deve:
  • Apresentar um histórico pessoal na promoção e defesa de direitos humanos, de forma ampla e incondicional;
  • Apresentar uma proposta de ação como futuro membro da comissão, compatível e alinhada com todos os instrumentos internos de defesa, promoção e garantia dos direitos humanos, bem como dos instrumentos internacionais do qual o Brasil é signatário;
  • Estar livre de condenações, denúncias ou associação a situações que violem qualquer dos direitos humanos constantes nos mecanismos internos e externos acima mencionados.
Conclamamos as organizações e movimentos de direitos humanos, assim como a totalidade da sociedade civil brasileira, a dialogar a respeito do tema e assumir a responsabilidade pelo debate maduro acerca dessas questões. A reflexão sobre o princípio de estabelecimento de critérios e sua operacionalização deverá dar-se de forma democrática e participativa para que, de fato, padrões e critérios alinhados com a justiça e os direitos humanos pautem o pensamento e a ação dos futuros membros e presidentes das comissões temáticas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
2 http://www.fichalimpa.org.br/index.php/main/ficha_limpa

segunda-feira, 18 de março de 2013

A FÉ BAHÁ'Í

A Fé Bahá'í é a mais jovem das religiões mundiais independentes. O seu fundador, Bahá'u'lláh (1817-1892), é considerado pelos bahá'ís como o mais recente na linha dos Mensageiros de Deus, que remonta aos primórdios da história e da qual fazem parte Abraão, Moisés, Buda, Zoroastro, Cristo e Maomé.

O tema central da mensagem de Bahá'u'lláh é o conceito de que a humanidade representa uma única raça e que é chegado o dia de sua unificação em uma única sociedade global. Deus, declarou Bahá'u'lláh, pôs em marcha forças históricas que estão rompendo as barreiras tradicionais de raça, classe, credo e nação e que irão, no devido tempo, dar à luz uma civilazação universal. O principal desafio que se coloca aos povos do mundo é aceitar a realidade da unidade do gênero humano e auxiliar os processos de sua unificação.

Um dos propósitos da Fé Bahá'í é contribuir para que isto se torne realidade. Uma comunidade mundial formada por cerca de 5 milhões de bahá'ís, representando a maioria das nações, raças e culturas da Terra, está trabalhando para conferir aos ensinamentos de Bahá'u'lláh um resultado prático. A experiência desta comunidade é uma fonte de encorajamento para todos aqueles que compartilham de sua visão, segundo a qual a humanidade é uma única família global e o planeta, a sua terra natal.


Saiba mais: www.bahai.org.br

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O FIM DO MUNDO!



Um mundo que morre e outro que nasce

Por Gabriel Marques
 
Segundo as teorias que se popularizaram nos últimos anos e que ganharam força nestes últimos meses, o fim do mundo será mesmo agora em 21 de dezembro de 2012. Faltam, portanto, alguns pouquíssimos dias ou apenas algumas horas! 

Embora as Escrituras cristãs e de outras religiões falem da ocorrência do apocalipse, no fim dos tempos, as teorias dos últimos meses são baseadas nas interpretações do calendário Maya.
Os maias viveram na América Central, no período pré-hispânicos e tinham um calendário bastante preciso, que além de marcar a passagem do tempo, também previa a ocorrência das estações, de certos eventos que, então, orientavam sua civilização. O tempo para os Maya era dividido em eras e estas compreendendo treze períodos chamados ‘baktunes’, de aproximadamente 400 anos cada. O fim de uma era significava apenas o início de outra, numa visão cíclica e evolutiva; algo comum a vários outros povos e religiões. A inscrição encontrada num dos monumentos do sitio arqueológico de Tortuguero, no Sudoeste do México, fazia menção à data de 4 Ajaw 3 K’ank’in, que segundo os cálculos de diferentes arqueólogos apontavam para o dia 21 de dezembro de 2012. Isso levou, então, a um grupo de místicos a vincular tal data a uma visão apocalíptica, mesmo quando várias outras placas com inscrições descritivas do calendário Maya indique claramente apenas a renovação das eras, nada tendo a ver com o fim do mundo físico.
Vários outros fatores, entretanto, fizeram aumentar as teorias do fim do mundo. Dentre estes estão a aproximação do asteroide Toutatis – uma imensa rocha espacial viajando em direção ao planeta terra; a mudança do polo magnético do planeta, a maior ocorrência de desastres naturais, incluindo tornados e furacões, secas e inundações e terremotos cada vez mais devastadores. Crescentes são os grupos religiosos preocupados com o emergir destes sinais, muitos dos quais apontados nas Escrituras Cristãs como arautos do apocalipse, o fim dos tempos!

O fim dos tempos anunciado seja nas escrituras cristãs, budistas ou islâmicas, entretanto, não se referem ao fim do mundo físico, mas à renovação do modo de vida ou de uma nova era nos afazeres humanos, devido ao aparecimento do Messias ou do Santo Manifestante de Deus.

Como se vê, todas as profecias indicam que os sinais exteriores na natureza revelam também as correlatas mudanças internas que deverão ocorrer na vida humana, para que se ajuste ao novo tempo. Sabidamente as estações do ano têm sua influência não apenas na natureza, mas também em nossas vidas. Assim, na primavera, as nuvens derramam suas chuvas, o ar é agradável, o mundo se renova e uma nova roupagem veste as plantas, aparecendo um novo espírito vivificador.
         No verão, com o aumento do calor, dá-se o crescimento e desenvolvimento das potencialidades ocultas, aparecendo os frutos e indicando o tempo da colheita. O outono indica uma transição tumultuosa, na qual árvores antes viçosas e verdejantes murcham, esmaecendo-se as cores e trazendo pouco a pouco um ar sombrio a terra. Segue-se, então, o inverno com suas tempestades, nevadas, granizos, frio e morte. Essa sequencia de claras mudanças no mundo visível não é o fim do mundo, sinalizando apenas o fim de um ciclo solar ou daquilo que comumente aprendemos a chamar de ano.
            O ano ou ciclo solar é astronomicamente fixado e matematicamente calculado como sendo o tempo da rotação da terra ao redor do sol. Este período de 365,242199 dias, isto é, 365 dias + 5 horas + 48 minutos + 47 segundos e, tem sido dividido em nosso calendário ocidental (gregoriano) como tendo 12 meses de aproximadamente 30 dias cada um. O dia tem sido fixado como tendo 24 horas, cada uma delas com 60 minutos e cada um deste, por sua vez, com 60 segundos. Cabe lembrar, entretanto, que existem outros calendários atualmente em uso no mundo como o judeu (estão no ano 5.773), o islâmico (estão no ano 1.434 ) ou o mais recente, o bahá’í (estão no ano 167).
         Além desta divisão do ano em meses, ele está também dividido em estações ou fases (primavera, verão, outono e inverno), devido aos diferentes efeitos da incidência da luz solar sobre o planeta, resultantes do eixo de rotação da terra em relação ao plano orbital. Ainda assim, de maneira diferente do mundo ocidental, onde o ano tem quatro estações, países como a China possuem cinco estações; a Índia três estações. Já alguns países africanos apenas duas estações – a das chuvas, período quente e úmido, e o do cacimbo, estação seca e mais fresca pela noite. Isso é bem parecido com o clima da região norte e nordeste do Brasil.
Paralelo e para além das mudanças no mundo físico encontram-se a ocorrência de ciclos espirituais, cuja influência sobre a vida dos seres humanos é objeto de estudo e aprofundamento por todos os movimentos espiritualistas. Aqui, a consciência de que ciclos espirituais igualmente ocorrem e se renovam é fato consumado. O aparecimento do Santo Manifestante de Deus ao longo da história humana – Abraão, Moisés, Zoroastro, Buda, Jesus, Maomé, o Báb, Bahá’u’lláh... – representam o reaparecimento da primavera espiritual. Nas palavras de ‘Abdu’l-Bahá, o Mestre da doutrina bahá’í, esta estação “é o nascer do Sol da Realidade. O espírito humano reanima-se, o coração refresca-se e reforça-se, a alma torna-se mais pura; a existência recebe um novo impulso, a essência do homem rejubila-se, cresce, progride em virtudes e perfeições.” 
Os fundadores das grandes religiões foram cada um os educadores da infância coletiva do planeta, agentes de um processo civilizatório, cujos efeitos cumulativos de suas sucessivas missões trouxeram a humanidade ao ponto atual. Cada grande religião teve seu período de primavera, verão, outono e inverno espiritual, antes que uma nova era pudesse ter seu início. O ponto de referencia atual, na visão bahá’í, situa-se entre o fim do longo e tenebroso inverno da civilização islâmica e o início da primavera representado pelo aparecimento de Bahá’u’lláh – o Manifestante da era da maturidade da humanidade. 
Estando, portanto, no ponto de transição entre duas estações, podemos presenciar sinais e influências de ambas. Estamos na interface entre o fim de um mundo e o início de outro. As mudanças serão graduais e não ocorrem da noite para o dia. Assim, embora no âmbito da nova primavera espiritual já se vislumbre uma ressurreição universal, um novo período de progresso, de alegria e felicidade da Graça Divina, este é também um tempo de lamentação, é o dia do juízo, é a hora do caos e da angústia. Para os estudiosos da astrologia nos encontramos agora na Era de Peixes, mas na qual já se sente os efeitos visíveis da aproximação da Era de Aquários – uma era aclamada como a da fraternidade universal, com acelerados desenvolvimentos nos campos científicos, intelectual, social e principalmente espiritual.
Outro aspecto que é preciso levar em conta é o fato de o progresso não se dá apenas pela repetição continuada de estações, ciclos e eras. O progresso ocorre ao se aprimorar e avançar o conhecimento, ao se lapidar a aprendizagem individual e coletiva, num acúmulo sucessivo do conhecimento e do desenvolvimento das potencialidades humanas. Existem, portanto, estações, ciclos e eras universais que se renovam e avançam como por elipses ascendentes, nos quais círculos cada vez maiores de conhecimento ajudam no desenvolvimento do imenso potencial humano, desdobrando-se e revelando-se em novas capacidades.
Segundo os bahá’ís, “o homem alcançou o grau máximo da materialidade, e o começo da espiritualidade, ou seja, o fim da imperfeição e o princípio da perfeição. Está no último grau da escuridão e no começo da luz”. Por isso, segundo estes, foi dito que “no estado humano são assinalados o fim da noite e o princípio do dia; isto é, o homem é a soma de todos os graus da imperfeição e possui também os da perfeição. Fazer este lado predominar sobre aquele é o que visa o educador em seu esforço de orientar a alma humana.”.
É justamente esta maior iluminação nos afazeres humanos (vinculada também ao concomitante avanço nos campos da ciência e da tecnologia) o que tem feito emergir diante de nossa face, isto é, vir à tona tantas notícias sobre corrupção – ativa e passiva, sobre a debilidade da justiça nos afazeres humanos, do aumento de casos de racismo e discriminação e tantas outras agruras pelas quais têm sido expostos os seres humanos. A escuridão ou estado de imperfeição ou também inconsciência nada mais é que a falta da luz ou do conhecimento.  Esta nova luz, representada pela nova primavera, cujos raios lançam pouco a pouco iluminação sobre os afazeres humanos, é o que nos permite ver – numa escala e clareza nunca antes visto - a cruel realidade que nos rodeia, ao tempo em que a emergência de uma aspiração por novos padrões de justiça e equidade ganham força a cada dia.
Um mundo está mesmo morrendo e outro está nascendo!

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

DIALOGANDO COM A FÉ BAHÁ'Í


ENTREVISTA: dialogando com a Fé Bahá’í 
publicado em:  http://www.conic.org.br/cms/noticias/112-entrevista-dialogando-com-a-fe-bahai
Dom, 14 de Outubro de 2012 11:42
O CONIC está fazendo uma série de entrevistas com autoridades religiosas e pessoas engajadas no mundo ecumênico/religioso. Os temas abordados nessas entrevistas versarão sobre pluralismo religioso, a importância do diálogo, interação entre as religiões e assuntos afins.
 
O objetivo da série é ouvir o que essas pessoas têm a dizer e, assim, fomentar o debate. Nossa quarta entrevistada é com o representante da Comunidade Bahá’í do Brasil, Iradj Roberto Eghrari. Confira:
 
1) Em contramão com o que vemos ocorrer em muitas partes do mundo, o Brasil ainda é um país em que diversas correntes religiosas convivem harmonicamente. Como avalia isso?
 
É uma harmonia relativa, pois abrange apenas certos grupos de religiões. Onde está o convívio harmônico entre as religiões de matriz africana e cristãs evangélicas? Como acreditar que existe um convívio harmônico se já é possível verificar uma discriminação contra a população islâmica aqui no país? 
 
Da mesma forma que existe o mito da democracia racial, também existe esse mito de que há um convívio harmônico entre as religiões. Há até determinados embates por busca de poder hegemônico entre algumas religiões. Um exemplo nítido é a questão de ensino religioso em escolas e outros espaços para debate do conhecimento e espiritualidade em que algumas religiões buscam uma hegemonia confessional.
 
A pergunta estimula a reflexão de como alcançar a harmonia religiosa. Um desafio ainda a ser alcançado.
 
2) Na sua opinião, qual a importância do diálogo entre as religiões?
 
O diálogo entre as religiões é fundamental. Os bahá’ís advogam o princípio essencial da unidade do fenômeno religioso. Acreditamos que as religiões nascem de um mesmo Criador, de um mesmo Pai, de um mesmo Deus e que todas têm um fio condutor único, ou seja, não existem religiões no plural - existe uma única religião que é a mensagem que Deus transmite aos seres humanos de tempos em tempos, trazendo guia, orientação e um acolher divino que nos dá sentido a vida.
 
O diálogo inter-religioso estimula os seguidores das religiões a perceber que o Bhagavad Gitá, o Alcorão, os Vedas, a Bíblia, a Torá, o Zend Avesta, Mahabharata, Kitáb-i-Aqdas todos eles são iguais. Não poderia ser diferente se todos provêm do mesmo Criador, de um único Deus. É impossível que sejam contraditórios.
 
O diálogo inter-religioso deve acontecer em dois níveis: pelos representantes das lideranças religiosas (o maior desafio, onde acontecem mais desentendimento) e os seguidores das religiões (que acabam copiando o padrão de comportamento da liderança religiosa). É fundamental promover o diálogo com o intuito de desmitificar a ideia de que as religiões são conflitantes, contraditórias e que há mais de um Deus.
 
3) Em alguns países, os bahá’ís são duramente perseguidos. Na sua análise, levando em consideração fatores como a Primavera Árabe, essa perseguição tende a diminuir ou aumentar nos próximos anos?
 
Por meio de movimentos como da Primavera Árabe, em que a sociedade civil buscou a liberdade de expressão, de crença, de pensamento, de ir e vir, de escolha, de associação, países experimentam novas possibilidades de integração e de convívio entre os diferentes; finalmente nesses países pode-se falar de diferenças, em uma sociedade que busca escutar de todos qual a contribuição que cada um tem a dar pela transformação do mundo.
 
Então de um lado sim, os bahá'ís começam a ter maiores possibilidades. No Egito, depois de praticamente 50 anos de banimento oficial que os bahá'ís sofreram pela lei egípcia, ainda hoje, depois da mudança do regime os bahá'ís continuam banidos, porém, a população pode expressar-se de forma livre e espontânea o seu desejo de conhecer mais sobre os bahá'ís. E os bahá'ís podem dar a sua parcela de contribuição para a construção de uma nova sociedade.
 
O problema está no segundo aspecto que é político, institucional, de governança nesta nova etapa pelos países da Primavera Árabe. Se o governo do Egito, Tunísia, Síria e tantos outros países continuarem com a adoção de padrões antidemocráticos, a população continuará refém de uma espécie de ditadura, na qual existem severas violações de direitos humanos. Se as lideranças dos países não se sensibilizarem em perceberem o diferente e buscarem contribuir no processo de transformação da sociedade, trazendo o direito de ser e existir destas populações, tal primavera logo adentrará no seu velho e conhecido inverno.
 
Para que a governança seja considerada verdadeiramente democrática, é necessário haver um espaço no qual os bahá'ís e outras minorias religiosas possam expressar livremente os ensinamentos de sua religião de acordo com o artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos que preconiza o direito de cada ser humano mudar de religião, professar a sua religião, escolher a sua religião, expressar da forma que melhor lhe convier os seu sentimento religioso.
 
Os bahá'ís não constituem um movimento político ou uma base contestadora da autoridade governamental constituída. Por uma questão de princípio, os bahá'ís não se envolvem em nenhum movimento pela derrubada do regime por mais cruel que ele seja, e um exemplo disto é o que acontece no Irã: apesar da acentuada perseguição, os bahá'ís não buscam a violência, não pegam em armas, não se levantam contra a autoridade do governo, e apenas buscam o diálogo e movimento pacífico, buscam alcançar seus direitos. Mesmo assim não os tem de forma ampla nos países islâmicos do Oriente Médio.
 
4) Um grande canal de TV aberta tem veiculado uma série chamada “Sagrado”, onde líderes de muitas religiões falam sobre sua fé. Iniciativas assim são importantes? Por quê?
 
A iniciativa da Rede Globo é importante e louvável. Assisto a esse programa e o curto, mesmo às 6h da manhã! Acredito que poderia ser um pouco mais longo e aprofundado. A iniciativa traz à luz a possibilidade que nós, enquanto população brasileira, conheçamos outras realidades religiosas como a budista, islâmica; conheçamos a percepção de denominações religiosas que não são a que nós seguimos, como as religiões de matriz africana como o candomblé ou umbanda. Mesmo sendo católico, eu posso escutar um pastor protestante dizer sobre algo determinada questão. Os temas apresentados são atuais, e trazem a ideia de que a religião não pode estar dissociada do nosso cotidiano. No entanto, é uma pena que esta emissora não esteja aberta ao pensamento de que a diversidade deveria estar representada e, que tal representatividade não esteja vinculada a quantidade de adeptos no Brasil ou pelo julgamento do diretor do programa. Um exemplo disto é que, embora o número de budistas seja equiparado ao número de bahá'ís no Brasil, a Rede Globo argumentou que “existem poucos bahá'ís no Brasil”. Fica claro que não se trata da quantidade de seguidores bahá'ís, mas a negação reside no desconhecimento, na discriminação de algo que lhe é diferente e desconhecido.
 
Faço aqui um convite aos dirigentes da área de jornalismo da Rede Globo para que deixem de lado essa falsa premissa de que números é que importam e vejam na verdade a contribuição que cada religião pode trazer. No momento em que o programa Sagrado ganhar uma representação de grupos religiosos mais diversos, a visão da sociedade será ampliada.
 
5) Um mundo de paz, onde todos respeitam a opção religiosa do outro, é possível?
 
Não só é possível, como é realizável e inevitável. O mundo alcançará a paz através de horrores inimagináveis –  e infelizmente a religião pode estar no cerne desse caos – ou chegará a paz por meio de um movimento de vontade consultiva, a vontade de dialogar oriunda do desejo de todos os povos e raças da terra. Então, é possível sim o entendimento das religiões, é necessário esse diálogo harmônico e essa é uma responsabilidade das lideranças religiosas.
 
Grandes desafios da humanidade hoje, ainda que não estejam superados, são capazes de sinalizar a possibilidade de uma solução. Nenhuma mente socialmente responsável hoje é capaz de dizer que racismo é algo que tenha sustentação teórica ou prática, e todos condenam o racismo. Há cem anos atrás a maioria da população mundial ainda considerava os negros inferiores aos brancos. Há 50 anos atrás, o racismo ainda tinha força nos Estados Unidos, onde a segregação racial era um fato. Nota-se que o mundo evoluiu nas organizações de direitos humanos, movimentos pelos direitos civis e das próprias Nações Unidas que impulsionaram o debate através do estabelecimento de uma série de tratados internacionais que favoreceram o estabelecimento de um pensamento novo, diferenciado, audacioso em prol da eliminação do racismo.
 
Hoje, da mesma forma ninguém é capaz de justificar qualquer discriminação contra a mulher, assim como a manutenção dos extremos de riqueza e pobreza, níveis degradantes de educação e uma série de outras violações a dignidade humana. Porém, o mundo sustenta a contenda religiosa, e não é papel das Nações Unidas e nem dos Estados resolverem o problema: a contenda religiosa só é resolvida através dos próprios líderes religiosos. É possível chegar a um acordo, deixando de lado as diferenças e focando os pontos em comum, que são muitos! 
 
Se quisermos um mundo pacífico, cabe a nós, população mundial exigirmos das lideranças religiosas que mantenham um diálogo no qual essas divergências sejam absolutamente superadas e se possa construir um mundo pacífico.

domingo, 30 de setembro de 2012

BUSCANDO A EXCELÊNCIA - Lya Luft

Transcrevo abaixo excelente texto da escritora Lya Luft, para reflexão.

"Quando falo em excelência, não me refiro a ser o melhor de todos, ideia que me parece arrogante e tola. Nada pior do que um arrogante bobo, o tipo que chega a uma reunião, seja festa, seja trabalho, e já começa achando todos os demais idiotas. Nada mais patético do que aquele que se pensa ou se deseja sempre o primeirão da classe, da turma, do trabalho, do bairro, do mundo, quem sabe? Talento e discrição fazem uma combinação ótima.

Então, excelência para mim significa tentar ser bom no que se faz, e no que se é. Um ser humano decente, solidário, afetuoso, respeitoso, digno, esperançoso sem ser tolo, idealista sem ser alienado, produtivo sem ser viciado em trabalho. E, no trabalho, dar o melhor de si sem sacrificar a vida, a família, a alegria, de que andamos tão carentes, embora os trios elétricos desfilem e as baladas varem a madrugada.

Estamos carentes de excelência. A mediocridade reina, assustadora, implacável e persistente. Autoridades, altos cargos, líderes, em boa parte desinformados, desinteressados, incultos, lamentáveis. Alunos que saem do ensino médio semianalfabetos e assim entram nas universidades, que aos poucos — refiro-me às públicas — vão se tornando reduto de pobreza intelectual. As infelizes cotas, contra as quais tenho escrito e às quais me oponho desde sempre, servem magnificamente para alcançarmos este objetivo: a mediocrizaçâo também do ensino superior. Alunos que não conseguem raciocinar porque não lhes foi ensinado, numa educação de brincadeirinha. E, porque não sabem ler nem escrever direito e com naturalidade, não conseguem expor em letra ou fala seu pensamento truncado e pobre. Professores que, mal pagos, mal estimulados, são mal preparados, desanimados e exaustos ou desinteressados. Atenção: há para tudo isso grandes e animadoras exceções, mas são exceções, tanto escolas quanto alunos e mestres. O quadro geral é entristecedor.

E as cotas roubam a dignidade daqueles que deveriam ter acesso ao ensino superior por mérito, porque o governo lhes tivesse dado uma ótima escola pública e bolsas excelentes: não porque, sendo incapazes e despreparados, precisassem desse empurrão. Meu conceito serve para cotas raciais também: não é pela raça ou cor, sobretudo autodeclarada, que um jovem deve conseguir diploma superior, mas por seu esforço e capacidade, porque teve ótimos 1º e 2° graus em escola pública e ou bolsas que o ampararam. Além do mais, as bolsas por raça ou cor são altamente discriminatórias: ou teriam de ser dadas a filhos de imigrantes japoneses, alemães, italianos, que todos sofreram grandemente chegando aqui, e muitos continuam precisando de esforços inauditos para mandar um filho à universidade.

Em suma, parece que trabalhamos para facilitar as coisas aos jovens, em lugar de educá-los com e para o trabalho, zelo, esforço, busca de mérito, uso de sua própria capacidade e talento, já entre as crianças. O ensino nas últimas décadas aprimorou-se em fazer os pequenos aprender brincando. Isso pode ser bom para os bem pequenos, mas já na escola elementar, em seus primeiros anos, é bom alertar, com afeto e alegria, para o fato de que a vida não é só brincadeira, que lazer e divertimento são necessários até à saúde, mas que escola é também preparação para uma vida profissional futura, na qual haverá disciplina e limites — que aliás deveriam existir em casa, ainda que amorosos.

Muitos dirão que não estou sendo simpática. Não escrevo para ser agradável, mas para partilhar com meus leitores preocupações sobre este país com suas maravilhas e suas mazelas, num momento fundamental em que, em meio a greves, justas ou desatinadas, projetos grandiosos e seguidamente vãos — do improviso e da incompetência ou ingenuidade, ou desinformação —, se delineia com grande inteligência e precisão a possibilidade de serem punidos aqueles que não apenas prejudicaram monetariamente o país, mas corroeram sua moral, e a dignidade de milhões de brasileiros. Está sendo um momento de excelência que nos devolve ânimo e esperança."

Publicado na Revista Veja
24/09/2012