Conselho Curador da EBC ouve sociedade civil sobre programação religiosa
14/03/2012 - 19h59
Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) promoveu no dia 14 de março, em sua sede, audiência pública sobre a transmissão de programas religiosos na rede de televisão e rádio da empresa. Representantes de diferentes credos se manifestaram sobre o assunto.
Na avaliação do pastor da Associação Evangélica de Comunicação Reencontro, Flávio Lima, a EBC deve abrir espaço em sua programação para as mais diversas religiões. “O Conselho Curador deve reunir a opinião pública, e o processo deve se desenvolver dentro de um caráter de ajuda à população brasileira, e não de divisão ou de preferências, ou de tomada de espaços por outras religiões. É isso que precisamos discutir. A TV é pública, é do povo”, disse Lima.
O padre Dionel Amaral, da Arquidiocese do Rio de Janeiro, também defendeu a permanência dos programas religiosos na grade da empresa. “Não é proselitismo, é cumprimento de uma missão que é levar a palavra de Deus aqueles que acreditam em Deus.”
Já para Pai Alexandre de Oxalá – Baba Alaiye, da Rede Afrobrasileira Sociocultural, a programação da EBC não deve servir para divulgar um ou outro credo, mas para esclarecer os brasileiros sobre as diversas religiões existentes no país. “Tem que ser um espaço de esclarecimento, não pode ser de pregação, de proselitismo, tem que ser um espaço em que todas as religiões sejam contempladas e possamos mostrar ao povo quão bela é a cultura do nosso país”, disse.
Para Daniel Sotto Maior, representante da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, a empresa não deve veicular programas de cunho religioso, devido ao fato de o Brasil ser um Estado laico (oficialmente neutro em relação a religiões). “Com que direito o Estado pode passar a mensagem de que o cidadão tem que ser religioso? Vamos promover todos os tipos de religião, mas não vamos falar nada do ateísmo. Imagina se fosse um Estado que promovesse o ateísmo. São dois casos igualmente discriminatórios. Aplaudo a inciativa de abrir a grade para mais pontos de vista, mas não me parece viável, respeitando a laicidade do Estado, que isso aconteça”, ressaltou Daniel.
A integrante do Comitê de Diversidade Religiosa da Secretaria de Direitos Humanos, Daniella Hiche, sugeriu que a classificação de programação religiosa seja substituída pela de diversidade religiosa. Daniella propôs também a criação de uma comissão, composta por sociólogos e representantes religiosos, para auxiliar a EBC nesse tema. “O comitê considera de suma importância a laicidade do Estado e o caráter público da EBC. O Estado laico deve se ocupar de garantir a diversidade religiosa”, afirmou.
Todos os participantes elogiaram a iniciativa do Conselho Curador de convocar a audiência pública para discutir o tema. “Contemplar a diversidade religiosa em uma mídia pública é um presente que a EBC pode dar a este país”, afirmou Flávia Pinto, representante da umbanda.
A presidenta do Conselho Curador, Ana Fleck, agradeceu as contribuições e a “tolerância e maturidade” de todos os que participaram da reunião.
As opiniões colhidas na audiência vão servir para municiar o grupo consultivo que deve apresentar, dentro de 120 dias, uma proposta ao Conselho Curador sobre religião na grade de programas da EBC. O grupo é formado por conselheiros, representantes da direção da empresa e integrantes do Comitê de Diversidade Religiosa da Secretaria de Direitos Humanos.
No ano passado, o Conselho Curador decidiu suspender da grade de da TV Brasil três programas religiosos que ainda estão sendo exibidos: os católicos A Santa Missa e Palavras da Vida, vinculados à Arquidiocese do Rio de Janeiro, e o evangélico Reencontro. A Rádio Nacional de Brasília também transmite a missa da Arquidiocese local. O conselho argumenta que estes programas não refletem a diversidade religiosa do país.
Na época, a Diretoria Executiva da EBC enviou ao conselho proposta alternativa de programação religiosa, sugerindo a abertura de espaços na grade da emissoras da empresa para as religiões mais representativas, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a exemplo do que fazem TVs públicas de outros países.
A Justiça Federal, acatando ação movida pelas organizações religiosas, decidiu manter a programação como está. Ana Fleck informou que a EBC pediu que a Justiça reveja a decisão, até o grupo consultivo apresente relatório sobre a questão
Após a apresentação do trabalho do grupo consultivo, os conselheiros deverão decidir sobre os programas religiosos na programação da EBC.
Edição: Nádia Franco
http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-03-14/conselho-curador-da-ebc-ouve-sociedade-civil-sobre-programacao-religiosa
Total de visualizações de página
Minha lista de blogs
segunda-feira, 2 de abril de 2012
terça-feira, 20 de março de 2012
ANO NOVO EM MARÇO?
Quando o Sol ilumina a terra inteira com a mesma intensidade, diversas tradições comemoram a chegada de um Novo Ano
Naw-Rúz: tradição milenar celebrada mundialmente por milhões de pessoas
O antigo festival persa do Ano Novo sobreviveu à conquista árabe e, muitos séculos depois, continua a ser comemorado por diversas culturas e comunidades religiosas, como o Zoroastrianos, os Sufís e os Bahá’ís. É realizado no primeiro dia do ano solar corresponde ao equinócio de outono no hemisfério sul e de primavera vernal no hemisfério norte.
Abdu’l-Bahá explica, em uma de Suas epístolas, o fenômeno astrológico observado nesse dia: “Neste momento, o sol aparece no meridiano e dia e noite são iguais. Até o dia de hoje, o Pólo Norte estava escuro. Hoje o sol aprece em seu horizonte. Hoje o sol nasce e se põe na linha equatorial e os dois hemisférios são igualmente iluminados.”
“Este dia sagrado, quando o sol ilumina igualmente a terra inteira, se chama o equinócio”, explica 'Abdu'l-Bahá, “e o equinócio é o símbolo do Manifestante de Deus. O Sol da Verdade se levanta no horizonte da Misericórdia Divina e dele emanam seus raios. Este dia é consagrado à comemoração disso... Quando o sol aparece no equinócio, provoca movimento em todas as coisas. O mundo mineral é posto em moção, as plantas começam a brotar, o deserto é transformado em planície, as árvores florescem e todas as coisas viventes respondem, inclusive os corpos dos animais e dos homens.”
“O subir do sol no equinócio é o símbolo da vida... [É] o símbolo dos Divinos Manifestantes de Deus, pois a ascensão do Sol da Verdade no Céu da Bondade Divina estabeleceu o sinal de Vida para o mundo. A realidade humana começa a viver, nossos pensamentos são transformados e nossa inteligência é despertada. O Sol da Verdade dá Vida Eterna, assim como o sol físico é a causa da vida terrestre”, declara Ele.
Renovação espiritual
O ano de 2012 na Era Cristã corresponde ao 169º ano na Era Bahá'í. O calendário instituído pelo Báb, Profeta Precursor da Fé Bahá'í, é composto por 19 meses, cada um com 19 dias. Os meses recebem nomes correspondentes a um atributo de Deus, assim como ocorre com cada um de seus dezenove dias. O primeiro dia e o primeiro mês são denominados Esplendor (Bahá, em árabe), e assim, o primeiro dia do ano é chamado o dia de Esplendor no mês de Esplendor. O Báb o chamou de Dia de Deus, e associou-o "Àquele que Deus tornará Manifesto", uma figura messiânica em Seus escritos. Os dezoito dias subsequentes do primeiro mês foram associados às dezoito Letras da Vida, os apóstolos do Báb, prevendo uma celebração que duraria dezenove dias.
Os bahá'ís acreditam que Bahá'u'lláh é o Messias prometido pelo Báb. Ele reafirmou o calendário e instituiu o Naw-Rúz como dia sagrado. De acordo com Seus ensinamentos, O Naw-Rúz ocorre no dia seguinte ao término do jejum bahá'í, e está associado ao Máximo Nome de Deus. É um festival para aqueles que observaram o jejum.
A noção simbólica da renovação do tempo em cada dispensação religiosa foi feita explícita pelos escritos do Báb e de Bahá'u'lláh, e o calendário e ano novo tornaram essa metáfora espiritual mais concreta. `Abdu'l-Bahá explicou o significado do Naw-Rúz em termos da primavera e da nova vida que ele traz. Ele explicou que o equinócio é um símbolo dos Manifestantes de Deus, que inclui Jesus, Muhammad, o Báb e Bahá'u'lláh, entre Outros mais antigos e Os que virão futuramente. A mensagem proclamada por esses Mensageiros é como uma primavera espiritual, celebrada durante o Naw-Rúz.
Um pouco de tradição
Até hoje, várias famílias no Irã costumam seguir a tradição de se levantar cedo de manhã no dia 20 de março para buscar água em poços e córregos. Trazida em jarros, a água é então derramada sobre as pessoas, que se vestem com roupas novas e servem comidas especiais para celebrar a chegada do Naw-Ruz.
Um mês antes ocorre a “Khouneh Tekouni” (que, literalmente, significa “sacudir a casa”), quando as casas recebem uma limpeza completa na qual móveis antigos são substituídos por uma nova decoração. A mesa decorativa é posta com uma semana de antecedência, sendo enfeitada com uma cópia do Livro Sagrado, um espelho, velas, vasos com brotos verdes, flores, frutos, moedas, pão, ovos cozidos coloridos pintados no estilo oriental e mais sete artigos cujos nomes em persa comecem com a letra "s". Todos estes são alimentos ou símbolos de riqueza, crescimento e fertilidade.
Na noite anterior ao Naw-Rúz, as famílias se reúnem em torno de fogueiras ao ar livre, todos vestidos com o seu melhor traje. Sentados à mesa, esperam ansiosamente o anúncio – no rádio ou na televisão – do momento exato do equinócio vernal. Após recitar as orações reveladas para este dia sagrado, os familiares se saúdam com um beijo e o desejo de um Feliz Ano Novo.
No mundo ocidental, a celebração assume características das culturas em que está inserida – e as comunidades bahá'ís brasileiras não ficam de fora dessa tradição. É comum a realização de eventos comunitários para os quais são convidados familiares e amigos. A programação é geralmente composta por um momento de orações seguido de apresentações artísticas e comidas diversas. Palestras, dança e fogos de artifício (comuns no Réveillon) também podem fazer parte desta comemoração.
Para saber mais sobre a Fé Bahá'í acesse: www.bahai.org.br
Naw-Rúz: tradição milenar celebrada mundialmente por milhões de pessoas
O antigo festival persa do Ano Novo sobreviveu à conquista árabe e, muitos séculos depois, continua a ser comemorado por diversas culturas e comunidades religiosas, como o Zoroastrianos, os Sufís e os Bahá’ís. É realizado no primeiro dia do ano solar corresponde ao equinócio de outono no hemisfério sul e de primavera vernal no hemisfério norte.
Abdu’l-Bahá explica, em uma de Suas epístolas, o fenômeno astrológico observado nesse dia: “Neste momento, o sol aparece no meridiano e dia e noite são iguais. Até o dia de hoje, o Pólo Norte estava escuro. Hoje o sol aprece em seu horizonte. Hoje o sol nasce e se põe na linha equatorial e os dois hemisférios são igualmente iluminados.”
“Este dia sagrado, quando o sol ilumina igualmente a terra inteira, se chama o equinócio”, explica 'Abdu'l-Bahá, “e o equinócio é o símbolo do Manifestante de Deus. O Sol da Verdade se levanta no horizonte da Misericórdia Divina e dele emanam seus raios. Este dia é consagrado à comemoração disso... Quando o sol aparece no equinócio, provoca movimento em todas as coisas. O mundo mineral é posto em moção, as plantas começam a brotar, o deserto é transformado em planície, as árvores florescem e todas as coisas viventes respondem, inclusive os corpos dos animais e dos homens.”
“O subir do sol no equinócio é o símbolo da vida... [É] o símbolo dos Divinos Manifestantes de Deus, pois a ascensão do Sol da Verdade no Céu da Bondade Divina estabeleceu o sinal de Vida para o mundo. A realidade humana começa a viver, nossos pensamentos são transformados e nossa inteligência é despertada. O Sol da Verdade dá Vida Eterna, assim como o sol físico é a causa da vida terrestre”, declara Ele.
Renovação espiritual
O ano de 2012 na Era Cristã corresponde ao 169º ano na Era Bahá'í. O calendário instituído pelo Báb, Profeta Precursor da Fé Bahá'í, é composto por 19 meses, cada um com 19 dias. Os meses recebem nomes correspondentes a um atributo de Deus, assim como ocorre com cada um de seus dezenove dias. O primeiro dia e o primeiro mês são denominados Esplendor (Bahá, em árabe), e assim, o primeiro dia do ano é chamado o dia de Esplendor no mês de Esplendor. O Báb o chamou de Dia de Deus, e associou-o "Àquele que Deus tornará Manifesto", uma figura messiânica em Seus escritos. Os dezoito dias subsequentes do primeiro mês foram associados às dezoito Letras da Vida, os apóstolos do Báb, prevendo uma celebração que duraria dezenove dias.
Os bahá'ís acreditam que Bahá'u'lláh é o Messias prometido pelo Báb. Ele reafirmou o calendário e instituiu o Naw-Rúz como dia sagrado. De acordo com Seus ensinamentos, O Naw-Rúz ocorre no dia seguinte ao término do jejum bahá'í, e está associado ao Máximo Nome de Deus. É um festival para aqueles que observaram o jejum.
A noção simbólica da renovação do tempo em cada dispensação religiosa foi feita explícita pelos escritos do Báb e de Bahá'u'lláh, e o calendário e ano novo tornaram essa metáfora espiritual mais concreta. `Abdu'l-Bahá explicou o significado do Naw-Rúz em termos da primavera e da nova vida que ele traz. Ele explicou que o equinócio é um símbolo dos Manifestantes de Deus, que inclui Jesus, Muhammad, o Báb e Bahá'u'lláh, entre Outros mais antigos e Os que virão futuramente. A mensagem proclamada por esses Mensageiros é como uma primavera espiritual, celebrada durante o Naw-Rúz.
Um pouco de tradição
Até hoje, várias famílias no Irã costumam seguir a tradição de se levantar cedo de manhã no dia 20 de março para buscar água em poços e córregos. Trazida em jarros, a água é então derramada sobre as pessoas, que se vestem com roupas novas e servem comidas especiais para celebrar a chegada do Naw-Ruz.
Um mês antes ocorre a “Khouneh Tekouni” (que, literalmente, significa “sacudir a casa”), quando as casas recebem uma limpeza completa na qual móveis antigos são substituídos por uma nova decoração. A mesa decorativa é posta com uma semana de antecedência, sendo enfeitada com uma cópia do Livro Sagrado, um espelho, velas, vasos com brotos verdes, flores, frutos, moedas, pão, ovos cozidos coloridos pintados no estilo oriental e mais sete artigos cujos nomes em persa comecem com a letra "s". Todos estes são alimentos ou símbolos de riqueza, crescimento e fertilidade.
Na noite anterior ao Naw-Rúz, as famílias se reúnem em torno de fogueiras ao ar livre, todos vestidos com o seu melhor traje. Sentados à mesa, esperam ansiosamente o anúncio – no rádio ou na televisão – do momento exato do equinócio vernal. Após recitar as orações reveladas para este dia sagrado, os familiares se saúdam com um beijo e o desejo de um Feliz Ano Novo.
No mundo ocidental, a celebração assume características das culturas em que está inserida – e as comunidades bahá'ís brasileiras não ficam de fora dessa tradição. É comum a realização de eventos comunitários para os quais são convidados familiares e amigos. A programação é geralmente composta por um momento de orações seguido de apresentações artísticas e comidas diversas. Palestras, dança e fogos de artifício (comuns no Réveillon) também podem fazer parte desta comemoração.
Para saber mais sobre a Fé Bahá'í acesse: www.bahai.org.br
sábado, 10 de março de 2012
UMA SEPARAÇÃO
Leiam abaixo a sinopse do filme iraniano "Uma Separação", escrito por Sam Cyrous - graduado e mestre em Psicologia, membro do movimento TEDx em Goiânia, e integrante do GT da Paz da Prefeitura Municipal de Goiânia
Uma separação
O filme A Separação (Farhadi, 2011), que ganhou há uns dias o Oscar de melhor filme em língua estrangeira, aborda a questão de um casal cuja esposa (Simin) deseja emigrar para dar melhores condições à filha e cujo marido (Nader) não quer abandonar o país por causa do pai que sofre da degenerativa doença de Alzheimer. Até aí um filme normal, não fossem os excelentes atores e equipe do país da Revolução Islâmica, quebrando mitos sobre o Irã.
O filme retrata uma típica mulher iraniana moderna, maquiada, de cabelo pintado, dona do seu nariz (Simin) que age conforme a sua consciência pelo bem daqueles que mais ama, ao mesmo tempo que nos traz um homem que não é só a barba e a raiva que os jornais traspassam, mas um homem (Nader) que ri e brinca, que respeita às mulheres, que se preocupa, que não sabe o que fazer, que se frustra, que chora. Ele nos traz também personagens comuns que não conseguimos nem amar nem odiar, porque são pessoas como nós, tentando viver apesar das dificuldades, do desemprego, da crise econômica, da saúde. Pessoas como Razieh que tomam decisões certas e erradas ao mesmo tempo. Este é um dos encantos do filme: ele toca em nós e faz-nos pensar nas nossas decisões, mas ele vem de outra cultura, de um outro mundo que desconhecemos.
A Separação de Nader de Simin (título original persa) mostra o lado bom da milenar arte persa do tárof, no qual todo persa é educado para ser extremamente cortês em todas as circunstâncias. Isso se vê quando o Nader expulsa de sua casa pela primeira vez a empregada contratada para tomar conta do seu pai: ele diz palavras como “por favor” ou até pede desculpas por lhe tocar… Isso se vê até nas ofensas mútuas, quando se atinge ao grau máximo de chamarem um ao outro de “deshonrado” e “mal-educado” ou, pior ainda, “mentiroso” quando a pessoa jura pela alma do Imám Oculto, o Prometido esperado pelos xiitas.
O filme nos traz também outra separação: aquela dos persa com os árabes, quando por exemplo Nader estudando com a filha diz que determinada palavra é árabe e não importa quem tenha dito que ela pode ser utilizada naquele contexto, pois “errado é errado, não importa quem o diz”. E se temos uma separação há uniões: o próprio Nader usa no início do filme um pouco de inglês no meio do seu persa, e Simin quer sair para outro país que acabou de lhes conceder um visto. A união ao ocidente é algo que deve ter encantado também à Academia de Hollywood, dando um Oscar que também tem muito de político, às vésperas de outro momento eleitoral que ainda pode ter muito de conturbado, não fosse o fantasma do Regime um dos personagens mais presentes no filme.
Talvez a Academia devesse ter indicado o fantasma do Regime Islâmico do Irã, para o Oscar de melhor Ator Coadjuvante. Lá estava ele no tribunal que diz que os temas da esposa “são pequenos”, lá estava ele no medo das mulheres em andar de cabelo destapado, lá estava ele em colocar em causa o que uma mulher dizia — ao dar a voz a alguém dizendo “porquê sair?” do Irã —, lá estava ele no desemprego, no caos da cidade, no hospital e no tribunal, lá estava ele no medo de uma “enfermeira” que não sabia se poderia trocar as calças de um paciente homem com alzheimer que perdera o controle e se sujara (e que teve que telefonar a alguém para saber se seria errado ou não trocar as calças).
Mas Farhadi, o diretor, conseguiu também uma outra separação. Simin, que será talvez descendente simbólico de heroínas que há dois séculos tiraram o véu opressor do estado, assume-se como a verdadeira heroína desta história: importa-se com a verdade e a honra, ao mesmo tempo que se importa com o bem-estar de amigos e supostos inimigos.
Uma Separação (como foi traduzido no inglês) mostra que qualquer iraniano é capaz de, apesar de viver no Irã, ser digno dos mais nobres atos. A separação separa, na verdade, a opressão estatal da liberdade das pessoas. Mesmo no Irã que analistas internacionais tentam entender, existem pessoas justas, e de boa índole, que nada têm a ver com o seu governo. A separação mostra isso, sem mostrá-lo!
Uma separação
O filme A Separação (Farhadi, 2011), que ganhou há uns dias o Oscar de melhor filme em língua estrangeira, aborda a questão de um casal cuja esposa (Simin) deseja emigrar para dar melhores condições à filha e cujo marido (Nader) não quer abandonar o país por causa do pai que sofre da degenerativa doença de Alzheimer. Até aí um filme normal, não fossem os excelentes atores e equipe do país da Revolução Islâmica, quebrando mitos sobre o Irã.
O filme retrata uma típica mulher iraniana moderna, maquiada, de cabelo pintado, dona do seu nariz (Simin) que age conforme a sua consciência pelo bem daqueles que mais ama, ao mesmo tempo que nos traz um homem que não é só a barba e a raiva que os jornais traspassam, mas um homem (Nader) que ri e brinca, que respeita às mulheres, que se preocupa, que não sabe o que fazer, que se frustra, que chora. Ele nos traz também personagens comuns que não conseguimos nem amar nem odiar, porque são pessoas como nós, tentando viver apesar das dificuldades, do desemprego, da crise econômica, da saúde. Pessoas como Razieh que tomam decisões certas e erradas ao mesmo tempo. Este é um dos encantos do filme: ele toca em nós e faz-nos pensar nas nossas decisões, mas ele vem de outra cultura, de um outro mundo que desconhecemos.
A Separação de Nader de Simin (título original persa) mostra o lado bom da milenar arte persa do tárof, no qual todo persa é educado para ser extremamente cortês em todas as circunstâncias. Isso se vê quando o Nader expulsa de sua casa pela primeira vez a empregada contratada para tomar conta do seu pai: ele diz palavras como “por favor” ou até pede desculpas por lhe tocar… Isso se vê até nas ofensas mútuas, quando se atinge ao grau máximo de chamarem um ao outro de “deshonrado” e “mal-educado” ou, pior ainda, “mentiroso” quando a pessoa jura pela alma do Imám Oculto, o Prometido esperado pelos xiitas.
O filme nos traz também outra separação: aquela dos persa com os árabes, quando por exemplo Nader estudando com a filha diz que determinada palavra é árabe e não importa quem tenha dito que ela pode ser utilizada naquele contexto, pois “errado é errado, não importa quem o diz”. E se temos uma separação há uniões: o próprio Nader usa no início do filme um pouco de inglês no meio do seu persa, e Simin quer sair para outro país que acabou de lhes conceder um visto. A união ao ocidente é algo que deve ter encantado também à Academia de Hollywood, dando um Oscar que também tem muito de político, às vésperas de outro momento eleitoral que ainda pode ter muito de conturbado, não fosse o fantasma do Regime um dos personagens mais presentes no filme.
Talvez a Academia devesse ter indicado o fantasma do Regime Islâmico do Irã, para o Oscar de melhor Ator Coadjuvante. Lá estava ele no tribunal que diz que os temas da esposa “são pequenos”, lá estava ele no medo das mulheres em andar de cabelo destapado, lá estava ele em colocar em causa o que uma mulher dizia — ao dar a voz a alguém dizendo “porquê sair?” do Irã —, lá estava ele no desemprego, no caos da cidade, no hospital e no tribunal, lá estava ele no medo de uma “enfermeira” que não sabia se poderia trocar as calças de um paciente homem com alzheimer que perdera o controle e se sujara (e que teve que telefonar a alguém para saber se seria errado ou não trocar as calças).
Mas Farhadi, o diretor, conseguiu também uma outra separação. Simin, que será talvez descendente simbólico de heroínas que há dois séculos tiraram o véu opressor do estado, assume-se como a verdadeira heroína desta história: importa-se com a verdade e a honra, ao mesmo tempo que se importa com o bem-estar de amigos e supostos inimigos.
Uma Separação (como foi traduzido no inglês) mostra que qualquer iraniano é capaz de, apesar de viver no Irã, ser digno dos mais nobres atos. A separação separa, na verdade, a opressão estatal da liberdade das pessoas. Mesmo no Irã que analistas internacionais tentam entender, existem pessoas justas, e de boa índole, que nada têm a ver com o seu governo. A separação mostra isso, sem mostrá-lo!
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
"O QUE É BOM MESMO É A VIDA."
Hoje, 1º de fevereiro, é o dia do meu aniversário. Para comemorar, quero deixar registrado um texto escrito por Rachel de Queiroz (1910-2003) e publicado no jornal O Estado de São Paulo em 27 de julho de 2002.
“NÃO UMA PROMESSA, MAS UM VÁCUO
Ah, meus tempos, meus bons tempos!, suspiram os velhos. E minha sobrinha duvida: será mesmo que nos tempos de dantes era melhor?
Não, não era melhor. Pelo menos no meu tempo não era. E não creio que tempo nenhum tenha sido melhor.
Gente mais velha tem memória fraca, ou pelo menos memória seletiva.
Recorda apenas o agradável e trata de esquecer o ruim.
Ser moço é uma carga muito dura que só se agüenta porque moço tem força e resistência. Só os velhotes frívolos ou desmemoriados falam sinceramente em saudade dos tempos de juventude.
Meninice, adolescência, mocidade são quadras amargas que a gente atravessa porque não tem outro jeito. E, quando se olha para trás, com o recuo que nos dá a idade, nem se compreende como se teve capacidade para viver aquilo tudo e sair incólume - sair-se pelo menos vivo!
Aquela inquietação, aquela angústia de fazer as coisas. Um exaltado sentimento de responsabilidade pessoal, simultaneamente com a aflitiva consciência de que todos os comandos do mundo estão em outras mãos - mãos que nos parecem incapazes, caducas, inatuais, ineptas. Ah, como é dramática na mocidade essa carga de responsabilidade pelo mundo. Me lembro quando eu andava entre os 18 e os 20, as culpas que carregava nos ombros, tudo que andava certo ou errado, a bem dizer era meu. As crianças famintas na China, os sem-trabalho ingleses, os oprimidos negros americanos, os nossos moços revolucionários que morriam de febre na Clevelândia, a desigualdade das leis, o casamento indissolúvel, o divórcio, as mães solteiras, a mais-valia, o dia de trabalho de oito horas, o slogan por trabalho igual salário igual, a guerra imperialista, o Tratado de Versailles, Sandino, o Kuomintang, as nacionalizações do México, Saco e Vanzetti - tudo isso me pesava às costas. Quando Hitler tomou o poder, em 1932, passei a noite chorando.Começava o stalinismo a sua obra de decomposição da revolução russa, e já arrebitávamos a orelha às denúncias de Trotski, temendo-se pelos atentados à herança de Lenin.
Isso no terreno sociopolítico-universal. E no terreno íntimo e pessoal?
Não se dá apreço, sendo moço, aos valores reais da mocidade - a pele fresca, a inteligência intocada, o coração generoso. O que se sente é a peia da inexperiência, é a conspiração dos mais velhos. Aquela vontade de gritar, de furar muralhas e tratar os outros de igual para igual. De parecer sofisticado, seguro de si irônico e superior!
E ainda não aludi ao coração. Os dramas de coração. O amor o grande tormento dos moços, que começa na adolescência e se prolonga até à pacificação da meia-idade.
Tente lembrar-se, cavalheiro, do seu primeiro namoro - os temores que padeceu, os ódios, os ciúmes, o diabólico sentimento de inferioridade. O terrível desespero nos rompimentos, os desejos de suicídio, a impressão de que o mundo acabou.
Mas de tudo, tudo, o que eu lembro pior na mocidade é o vazio do futuro à frente. Não uma promessa, mas um vácuo. Não caminho florido, mas um túnel de conteúdo ignorado.
A coisa de que a mocidade tem mais medo é do fracasso e da mediocridade.
Despreza e lamenta a gente velha que se acomoda com os seus pequenos êxitos de segundo plano. Meu Deus, que conforto a idade madura e a velhice, quando a gente descobre a doçura de ser pouca coisa. Livre do áspero estímulo da ambição, da falta de fôlego da disputa. Descobrir, com surpresa e alegria que não era imperativo categórico a gente ser um sublime romancista, um insuperável artista trágico, um herói popular, um sábio, um santo - UM GRANDE. Que não envergonha ser um romancista menor, um cidadão menor, uma pessoa do comum...
Então a gente se contenta com nem ter muito dinheiro, nem muita fama, nem mesmo, sim - nem mesmo muita felicidade. Aprende a aceitar confortavelmente a meia ração e ainda agradecer por ela. A ceder os primeiros lugares para os mais dotados e os mais sôfregos, sem as fúrias e a pressão que acicatam os favoritos. Descobrir que o bom é bater palmas e não disputar os aplausos.
E ir perdendo, pouco a pouco, a aflição pela sorte do mundo como o português da anedota, constatar, com um suspiro de alívio, que afinal de contas o navio não é nosso. Que, em suma, fizesse a gente o que fizesse, não alterava nada.
Agora a menina vai dizer que, em resumo, a mocidade é generosa e a velhice é egoísta. Claro. Em compensação, a mocidade é ambiciosa e agressiva e a velhice é pacífica, respeitadora do lugar de cada um.Lembre-se também de que a mocidade é a quadra em que se chora. Velho não chora, ou chora pouco. Lágrimas de moço queimam os olhos e maltratam o rosto, enquanto as lágrimas de velho apenas lavam e refrescam.
Pensando bem, pensando bem, o que é bom mesmo é a vida. Porque, afinal, todas essas coisas que se louvam no envelhecer não significam mais que as prestações pagas, as dívidas arquivadas, as esperanças e os ardores peremptos. A promessa do fim.”
“NÃO UMA PROMESSA, MAS UM VÁCUO
Ah, meus tempos, meus bons tempos!, suspiram os velhos. E minha sobrinha duvida: será mesmo que nos tempos de dantes era melhor?
Não, não era melhor. Pelo menos no meu tempo não era. E não creio que tempo nenhum tenha sido melhor.
Gente mais velha tem memória fraca, ou pelo menos memória seletiva.
Recorda apenas o agradável e trata de esquecer o ruim.
Ser moço é uma carga muito dura que só se agüenta porque moço tem força e resistência. Só os velhotes frívolos ou desmemoriados falam sinceramente em saudade dos tempos de juventude.
Meninice, adolescência, mocidade são quadras amargas que a gente atravessa porque não tem outro jeito. E, quando se olha para trás, com o recuo que nos dá a idade, nem se compreende como se teve capacidade para viver aquilo tudo e sair incólume - sair-se pelo menos vivo!
Aquela inquietação, aquela angústia de fazer as coisas. Um exaltado sentimento de responsabilidade pessoal, simultaneamente com a aflitiva consciência de que todos os comandos do mundo estão em outras mãos - mãos que nos parecem incapazes, caducas, inatuais, ineptas. Ah, como é dramática na mocidade essa carga de responsabilidade pelo mundo. Me lembro quando eu andava entre os 18 e os 20, as culpas que carregava nos ombros, tudo que andava certo ou errado, a bem dizer era meu. As crianças famintas na China, os sem-trabalho ingleses, os oprimidos negros americanos, os nossos moços revolucionários que morriam de febre na Clevelândia, a desigualdade das leis, o casamento indissolúvel, o divórcio, as mães solteiras, a mais-valia, o dia de trabalho de oito horas, o slogan por trabalho igual salário igual, a guerra imperialista, o Tratado de Versailles, Sandino, o Kuomintang, as nacionalizações do México, Saco e Vanzetti - tudo isso me pesava às costas. Quando Hitler tomou o poder, em 1932, passei a noite chorando.Começava o stalinismo a sua obra de decomposição da revolução russa, e já arrebitávamos a orelha às denúncias de Trotski, temendo-se pelos atentados à herança de Lenin.
Isso no terreno sociopolítico-universal. E no terreno íntimo e pessoal?
Não se dá apreço, sendo moço, aos valores reais da mocidade - a pele fresca, a inteligência intocada, o coração generoso. O que se sente é a peia da inexperiência, é a conspiração dos mais velhos. Aquela vontade de gritar, de furar muralhas e tratar os outros de igual para igual. De parecer sofisticado, seguro de si irônico e superior!
E ainda não aludi ao coração. Os dramas de coração. O amor o grande tormento dos moços, que começa na adolescência e se prolonga até à pacificação da meia-idade.
Tente lembrar-se, cavalheiro, do seu primeiro namoro - os temores que padeceu, os ódios, os ciúmes, o diabólico sentimento de inferioridade. O terrível desespero nos rompimentos, os desejos de suicídio, a impressão de que o mundo acabou.
Mas de tudo, tudo, o que eu lembro pior na mocidade é o vazio do futuro à frente. Não uma promessa, mas um vácuo. Não caminho florido, mas um túnel de conteúdo ignorado.
A coisa de que a mocidade tem mais medo é do fracasso e da mediocridade.
Despreza e lamenta a gente velha que se acomoda com os seus pequenos êxitos de segundo plano. Meu Deus, que conforto a idade madura e a velhice, quando a gente descobre a doçura de ser pouca coisa. Livre do áspero estímulo da ambição, da falta de fôlego da disputa. Descobrir, com surpresa e alegria que não era imperativo categórico a gente ser um sublime romancista, um insuperável artista trágico, um herói popular, um sábio, um santo - UM GRANDE. Que não envergonha ser um romancista menor, um cidadão menor, uma pessoa do comum...
Então a gente se contenta com nem ter muito dinheiro, nem muita fama, nem mesmo, sim - nem mesmo muita felicidade. Aprende a aceitar confortavelmente a meia ração e ainda agradecer por ela. A ceder os primeiros lugares para os mais dotados e os mais sôfregos, sem as fúrias e a pressão que acicatam os favoritos. Descobrir que o bom é bater palmas e não disputar os aplausos.
E ir perdendo, pouco a pouco, a aflição pela sorte do mundo como o português da anedota, constatar, com um suspiro de alívio, que afinal de contas o navio não é nosso. Que, em suma, fizesse a gente o que fizesse, não alterava nada.
Agora a menina vai dizer que, em resumo, a mocidade é generosa e a velhice é egoísta. Claro. Em compensação, a mocidade é ambiciosa e agressiva e a velhice é pacífica, respeitadora do lugar de cada um.Lembre-se também de que a mocidade é a quadra em que se chora. Velho não chora, ou chora pouco. Lágrimas de moço queimam os olhos e maltratam o rosto, enquanto as lágrimas de velho apenas lavam e refrescam.
Pensando bem, pensando bem, o que é bom mesmo é a vida. Porque, afinal, todas essas coisas que se louvam no envelhecer não significam mais que as prestações pagas, as dívidas arquivadas, as esperanças e os ardores peremptos. A promessa do fim.”
sábado, 21 de janeiro de 2012
21 DE JANEIRO - DIA MUNDIAL DA RELIGIÃO
No dia 21 de janeiro é comemorado o dia mundial da religião. A criação da data foi com o objetivo de promover a união de todas as religiões existentes no mundo, levando mais fé e esperança ao povo.
No Irã, os bahá’ís - a maior das minorias religiosas daquele país - sofrem com a intolerância religiosa:
Jornal Metro de São Paulo: “A longa caminhada dos bahá'ís pela liberdade no Irã”
Situação é ilustrada com depoimentos de um refugiado bahá'í e entrevista com a coordenadora de política externa da ONG Conectas
Ontem, dia 20 de janeiro, o Jornal Metro de São Paulo e sua sucursal de Porto Alegre, publicou na editoria metromundo a matéria “A longa caminhada dos bahá'ís pela liberdade no Irã”, de autoria do jornalista Henrique Ribeiro. É provável que o artigo seja divulgado também nas sucursais do Rio de Janeiro, Campinas, Curitiba, Belo Horizonte, ABC Paulista (Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema) e, inclusive, na Metro Internacional.
A reportagem aborda a campanha difamatória pelo próprio governo aos bahá'ís no Irã, em contraste com as atividades de serviço à humanidade, que a Comunidade Bahá'í promove, tanto no Brasil como em todo o mundo, trazendo relatos de um refugiado iraniano bahá'í na Turquia, Lucas (nome fictício).
“Os próprios professores insultam a Fé Bahá'í e ensinam aos alunos, que a nossa religião é um perigo à nação. O resultado é que os alunos que têm essa fé são humilhados e ridicularizados tanto dentro da sala de aula e até no pátio, pelos próprios colegas”, relata Lucas, que foi expulso três vezes na época em que cursava o equivalente ao Ensino Médio. Atualmente, embora com mestrado no exterior e domine quatro idiomas, o refugiado bahá'í não consegue trabalho em Teerã, pois ele é mais uma das inúmeras vítimas de intolerância religiosa no Irã.
A coordenadora de política externa da ONG Conectas e professora de Relações Internacionais na Faap, Camila Asano, também foi entrevistada pelo jornal e comprova que há discriminação aos bahá'ís: “o Irã é uma República Islâmica que sufoca outras religiões, mas com foco principal na Fé Bahá'í”.
Veja o artigo completo na página 12. http://publimetro.band.com.br/pdf/20120120_MetroSaoPaulo.pdf
Publicado em: http://secext-arquivos.blogspot.com/2012/01/jornal-metro-de-sao-paulo-longa.html
Visite: www.bahai.org.br
No Irã, os bahá’ís - a maior das minorias religiosas daquele país - sofrem com a intolerância religiosa:
Jornal Metro de São Paulo: “A longa caminhada dos bahá'ís pela liberdade no Irã”
Situação é ilustrada com depoimentos de um refugiado bahá'í e entrevista com a coordenadora de política externa da ONG Conectas
Ontem, dia 20 de janeiro, o Jornal Metro de São Paulo e sua sucursal de Porto Alegre, publicou na editoria metromundo a matéria “A longa caminhada dos bahá'ís pela liberdade no Irã”, de autoria do jornalista Henrique Ribeiro. É provável que o artigo seja divulgado também nas sucursais do Rio de Janeiro, Campinas, Curitiba, Belo Horizonte, ABC Paulista (Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema) e, inclusive, na Metro Internacional.
A reportagem aborda a campanha difamatória pelo próprio governo aos bahá'ís no Irã, em contraste com as atividades de serviço à humanidade, que a Comunidade Bahá'í promove, tanto no Brasil como em todo o mundo, trazendo relatos de um refugiado iraniano bahá'í na Turquia, Lucas (nome fictício).
“Os próprios professores insultam a Fé Bahá'í e ensinam aos alunos, que a nossa religião é um perigo à nação. O resultado é que os alunos que têm essa fé são humilhados e ridicularizados tanto dentro da sala de aula e até no pátio, pelos próprios colegas”, relata Lucas, que foi expulso três vezes na época em que cursava o equivalente ao Ensino Médio. Atualmente, embora com mestrado no exterior e domine quatro idiomas, o refugiado bahá'í não consegue trabalho em Teerã, pois ele é mais uma das inúmeras vítimas de intolerância religiosa no Irã.
A coordenadora de política externa da ONG Conectas e professora de Relações Internacionais na Faap, Camila Asano, também foi entrevistada pelo jornal e comprova que há discriminação aos bahá'ís: “o Irã é uma República Islâmica que sufoca outras religiões, mas com foco principal na Fé Bahá'í”.
Veja o artigo completo na página 12. http://publimetro.band.com.br/pdf/20120120_MetroSaoPaulo.pdf
Publicado em: http://secext-arquivos.blogspot.com/2012/01/jornal-metro-de-sao-paulo-longa.html
Visite: www.bahai.org.br
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
LANÇAMENTO DO FILME "TABU IRANIANO" PROMETE REPERCUSSÃO MUNDIAL
Diretor Reza Allamehzadeh fala da dificuldade de gravar cenas na sua terra natal
Nesse domingo, dia 4 de dezembro, foi realizada a estreia mundial do documentário Tabu Iraniano, do cineasta e escritor iraniano Reza Allamehzadeh. Pela primeira vez a perseguição do regime islâmico contra os seguidores da Fé Bahá'í – a maior minoria religiosa do Irã – é apresentada em um discurso cinematográfico da realidade. O lançamento foi realizado no Teatro de James Bridges UCLA, em Los Angeles, nos Estados Unidos.
Proibido de ingressar em seu país de origem, Reza Allamehzadeh, diretor e editor do filme, precisou da ajuda de amigos para filmar clandestinamente dentro do Irã. “Apesar do fato de me ser negado acesso a minha pátria, consegui filmar cenas profundas no Irã, pois tive ajuda de amigos dedicados que arriscaram suas próprias vidas para capturar as cenas reais do filme”, declara Reza. Na visão do cineasta autor de Speak out Turkmen [Levantem suas vozes, Turcomenos] e Holy Crime, [Santo Crime], a realização deste filme foi a mais difícil de sua carreira.
Em 2007, o cineasta brasileiro Flávio Azm Rassekh também se propôs a produzir um documentário que apresentasse a realidade da República Islâmica do Irã. Ele chegou inclusive a entrevistar jornalistas nacionais, como Marcia Camargos, Adriana Carranca, Paula Fontenele e Alessandra Meleiro. “Cada uma delas apresentava uma visão diferente do país a partir de suas próprias experiências”, comentou Azm, que ficou satisfeito com a possibilidade de produzir algo com imparcialidade jornalística sobre o Irã, terra natal de seus pais.
Contudo, o projeto precisou ser interrompido. “Fui impedido de colher imagens no Irã para ilustrar as entrevistas do filme por conta das restrições impostas a jornalistas, fotógrafos, documentaristas e profissionais de mídias”, esclarece Azm.
Além da restrição de acesso ao Irã, o diretor Allamehzadeh enfrentou outras dificuldades durante a fase de produção do documentário Tabu Iraniano, que é uma peça de não-ficção. Vivendo como refugiado na Holanda desde 1983, ele teve que batalhar para obter acesso aos entrevistados do filme – que incluem Shirin Ebadi, a primeira iraniana Prêmio Nobel da Paz, e o ex-presidente do Irã, Abolhassan Banisadr. “Foi um desafio, mas consegui superar os obstáculos”, afirmou.
O enredo do documentário, que tem uma hora e dezoito minutos de duração, descreve a garra de uma bahá'í iraniana de nome Nadereh, que decide deixar o país juntamente com sua filha, de 14 anos, em busca de refúgio no Ocidente. A história atravessa a Turquia, Israel, Estados Unidos e ilustra bem a perseguição cotidiana a que são sujeitados os bahá'ís do Irã. O documentário conta com entrevistas inéditas de renomados acadêmicos, escritores e políticos que retratam a história da Fé Bahá'í e seus seguidores no Irã.
Clique aqui para acessar a página oficial de Tabu Iraniano. http://www.iraniantaboo.com/index.html
O governo iraniano persegue as minorias presentes no país, além de impor a sua população um regime de total controle da informação. “Nos últimos meses professores universitários bahá'ís foram presos (http://bahaisnoira.blogspot.com/2011/11/genebra-medida-que-surgem-mais.html) e alguns dos maiores cineastas iranianos foram condenados a seis anos de prisão. O único 'crime' que cometeram foi o de tentar exercer suas profissões”, diz Azm.
Segundo informação da agência iraniana de notícias ISNA, os cineastas Jafar Panahi (ganhador do prêmio Câmara de Ouro de Canes por seu filme de 1995 “O Balão Branco”) e Mohammad Rasoulof (que venceu o prêmio de Melhor Diretor de 2011, pelo filme clandestino “Good Bye”) foram detidos em março desse ano por “ações e propaganda contra o sistema”.
Nesse domingo, dia 4 de dezembro, foi realizada a estreia mundial do documentário Tabu Iraniano, do cineasta e escritor iraniano Reza Allamehzadeh. Pela primeira vez a perseguição do regime islâmico contra os seguidores da Fé Bahá'í – a maior minoria religiosa do Irã – é apresentada em um discurso cinematográfico da realidade. O lançamento foi realizado no Teatro de James Bridges UCLA, em Los Angeles, nos Estados Unidos.
Proibido de ingressar em seu país de origem, Reza Allamehzadeh, diretor e editor do filme, precisou da ajuda de amigos para filmar clandestinamente dentro do Irã. “Apesar do fato de me ser negado acesso a minha pátria, consegui filmar cenas profundas no Irã, pois tive ajuda de amigos dedicados que arriscaram suas próprias vidas para capturar as cenas reais do filme”, declara Reza. Na visão do cineasta autor de Speak out Turkmen [Levantem suas vozes, Turcomenos] e Holy Crime, [Santo Crime], a realização deste filme foi a mais difícil de sua carreira.
Em 2007, o cineasta brasileiro Flávio Azm Rassekh também se propôs a produzir um documentário que apresentasse a realidade da República Islâmica do Irã. Ele chegou inclusive a entrevistar jornalistas nacionais, como Marcia Camargos, Adriana Carranca, Paula Fontenele e Alessandra Meleiro. “Cada uma delas apresentava uma visão diferente do país a partir de suas próprias experiências”, comentou Azm, que ficou satisfeito com a possibilidade de produzir algo com imparcialidade jornalística sobre o Irã, terra natal de seus pais.
Contudo, o projeto precisou ser interrompido. “Fui impedido de colher imagens no Irã para ilustrar as entrevistas do filme por conta das restrições impostas a jornalistas, fotógrafos, documentaristas e profissionais de mídias”, esclarece Azm.
Além da restrição de acesso ao Irã, o diretor Allamehzadeh enfrentou outras dificuldades durante a fase de produção do documentário Tabu Iraniano, que é uma peça de não-ficção. Vivendo como refugiado na Holanda desde 1983, ele teve que batalhar para obter acesso aos entrevistados do filme – que incluem Shirin Ebadi, a primeira iraniana Prêmio Nobel da Paz, e o ex-presidente do Irã, Abolhassan Banisadr. “Foi um desafio, mas consegui superar os obstáculos”, afirmou.
O enredo do documentário, que tem uma hora e dezoito minutos de duração, descreve a garra de uma bahá'í iraniana de nome Nadereh, que decide deixar o país juntamente com sua filha, de 14 anos, em busca de refúgio no Ocidente. A história atravessa a Turquia, Israel, Estados Unidos e ilustra bem a perseguição cotidiana a que são sujeitados os bahá'ís do Irã. O documentário conta com entrevistas inéditas de renomados acadêmicos, escritores e políticos que retratam a história da Fé Bahá'í e seus seguidores no Irã.
Clique aqui para acessar a página oficial de Tabu Iraniano. http://www.iraniantaboo.com/index.html
O governo iraniano persegue as minorias presentes no país, além de impor a sua população um regime de total controle da informação. “Nos últimos meses professores universitários bahá'ís foram presos (http://bahaisnoira.blogspot.com/2011/11/genebra-medida-que-surgem-mais.html) e alguns dos maiores cineastas iranianos foram condenados a seis anos de prisão. O único 'crime' que cometeram foi o de tentar exercer suas profissões”, diz Azm.
Segundo informação da agência iraniana de notícias ISNA, os cineastas Jafar Panahi (ganhador do prêmio Câmara de Ouro de Canes por seu filme de 1995 “O Balão Branco”) e Mohammad Rasoulof (que venceu o prêmio de Melhor Diretor de 2011, pelo filme clandestino “Good Bye”) foram detidos em março desse ano por “ações e propaganda contra o sistema”.
terça-feira, 29 de novembro de 2011
Campanha contra perseguições aos Bahá'í no Irã começa na UnB
Seguidores da religião são proibidos de estudar em universidades iranianas. Campanha Can you solve this quer sensibilizar autoridades
Henrique Bolgue - Da Secretaria de Comunicação da UnB
Os seguidores da fé Bahá'í são constantemente perseguidos pelo governo iraniano, que não os considera como religião desde a revolução islâmica de 1979. A maneira que o regime teocrático de Mahmoud Ahmadinejad buscou para silenciar essa comunidade foi negar-lhes educação e trabalho. Por isso, no começo deste ano, o Instituto Bahá'í de Educação Superior (BIHE) vivenciou um dos seus piores momentos. Sete professores foram presos, acusados de “atos contra o Regime”.
A iraniana Hasti Khoshnammanesh entrou no instituto em 1998 e formou-se em 2002 em Letras. Tentou estudar em escolas públicas do governo, mas era impedida assim que preenchia a ficha de inscrição. “Ou negávamos nossa crença ou éramos expulsos”, conta. O Instituto de Bahá'í surgiu em 1987. A maioria das aulas precisava ocorrer em segredo e muitas vezes a escola foi atacada. Mesmo assim, era a única saída. “A educação é muito importante para os Bahá'í”. O diploma não é válido no Irã, mas muitos conseguem validar sua formação em outros países. Em 2002, ela veio ao Brasil, onde espera ter uma vida tranquila, especialmente para a filha, com sete anos. “Quero que ela estude sem problemas e que faça algo bom pela comunidade”.
Instalado na entrada do Instituto Central de Ciências Norte o grupo da campanha internacional "Can you Solve This" quer contribuir para acabar com as perseguições, como as que Hasti sofreu. Seus integrantes montaram um balcão com folders e cartazes. No local, há um computador por meio do qual é possível mandar um apelo a autoridades, como o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, e o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-Moon. Além disso, pode-se enviar mensagem direto ao Irã usando uma carta modelo disponível.
PRESSÃO - “Ao longo da história, a pressão internacional é a única forma de garantir os direitos humanos nessas situações”, diz a brasileira Mary Caetana Aune-Cruz, graduada em Ciências Políticas pela UnB e secretária de ação com a sociedade e o governo da comunidade Bahá'í. Para ela, um dos grandes problemas é a falta de informação. “A população só se engaja se estiver informada”, analisa. Mary acredita que o Brasil tem um papel importante. “A aproximação com o regime iraniano possibilita trazer o assunto, antes isolado, à tona.”
A ideia de começar a campanha brasileira na UnB foi de Lia Cruz, estudante de Letras. “A UnB é palco de manifestações e é o lugar ideal para começar a campanha”, disse. O objetivo é que ela se espalhe por outros estados. O Brasil tem cerca de 60 mil Bahá'í e a sede nacional fica em Brasília. Para fechar a campanha, o professor Rafael Amaral Shayani, do Departamento de Engenharia Elétrica da UnB, Bahá'í, irá ministrar palestra sobre o tema “Educação para a Paz e Direitos Humanos”, às 19h desta quinta-feira, dia 24 de novembro. O representante da comunidade Bahá'í do Brasil, Iradj Eghrari, também participa. Todas as quinta-feiras, às 13h, acontece uma reunião na entrada da Faculdade de Educação com orações.
DEUS - Os Bahá'ís seguem o princípio da livre pesquisa da verdade. É uma religião nova, surgida em 1863, professada pelo iraniano Bahá'u'lláh. São contra o proselitismo religioso e acreditam na unidade das religiões e no processo de desenvolvimento gradual da humanidade. Por isso acreditam que, além de Bahá'u'lláh, Krishna, Abraão, Buda, Jesus, Maomé também foram mensageiros de Deus. Em vez de rituais, realizam reuniões ecumênicas e atividades educativas. Não existe um clero e por isso, em vez de pastores, padres ou sacerdotes, cada um professa sua fé. “Você é responsável por sua vida espiritual”, diz Lia.
Acesse a notícia no portal da UnB.
Henrique Bolgue - Da Secretaria de Comunicação da UnB
Os seguidores da fé Bahá'í são constantemente perseguidos pelo governo iraniano, que não os considera como religião desde a revolução islâmica de 1979. A maneira que o regime teocrático de Mahmoud Ahmadinejad buscou para silenciar essa comunidade foi negar-lhes educação e trabalho. Por isso, no começo deste ano, o Instituto Bahá'í de Educação Superior (BIHE) vivenciou um dos seus piores momentos. Sete professores foram presos, acusados de “atos contra o Regime”.
A iraniana Hasti Khoshnammanesh entrou no instituto em 1998 e formou-se em 2002 em Letras. Tentou estudar em escolas públicas do governo, mas era impedida assim que preenchia a ficha de inscrição. “Ou negávamos nossa crença ou éramos expulsos”, conta. O Instituto de Bahá'í surgiu em 1987. A maioria das aulas precisava ocorrer em segredo e muitas vezes a escola foi atacada. Mesmo assim, era a única saída. “A educação é muito importante para os Bahá'í”. O diploma não é válido no Irã, mas muitos conseguem validar sua formação em outros países. Em 2002, ela veio ao Brasil, onde espera ter uma vida tranquila, especialmente para a filha, com sete anos. “Quero que ela estude sem problemas e que faça algo bom pela comunidade”.
Instalado na entrada do Instituto Central de Ciências Norte o grupo da campanha internacional "Can you Solve This" quer contribuir para acabar com as perseguições, como as que Hasti sofreu. Seus integrantes montaram um balcão com folders e cartazes. No local, há um computador por meio do qual é possível mandar um apelo a autoridades, como o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, e o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-Moon. Além disso, pode-se enviar mensagem direto ao Irã usando uma carta modelo disponível.
PRESSÃO - “Ao longo da história, a pressão internacional é a única forma de garantir os direitos humanos nessas situações”, diz a brasileira Mary Caetana Aune-Cruz, graduada em Ciências Políticas pela UnB e secretária de ação com a sociedade e o governo da comunidade Bahá'í. Para ela, um dos grandes problemas é a falta de informação. “A população só se engaja se estiver informada”, analisa. Mary acredita que o Brasil tem um papel importante. “A aproximação com o regime iraniano possibilita trazer o assunto, antes isolado, à tona.”
A ideia de começar a campanha brasileira na UnB foi de Lia Cruz, estudante de Letras. “A UnB é palco de manifestações e é o lugar ideal para começar a campanha”, disse. O objetivo é que ela se espalhe por outros estados. O Brasil tem cerca de 60 mil Bahá'í e a sede nacional fica em Brasília. Para fechar a campanha, o professor Rafael Amaral Shayani, do Departamento de Engenharia Elétrica da UnB, Bahá'í, irá ministrar palestra sobre o tema “Educação para a Paz e Direitos Humanos”, às 19h desta quinta-feira, dia 24 de novembro. O representante da comunidade Bahá'í do Brasil, Iradj Eghrari, também participa. Todas as quinta-feiras, às 13h, acontece uma reunião na entrada da Faculdade de Educação com orações.
DEUS - Os Bahá'ís seguem o princípio da livre pesquisa da verdade. É uma religião nova, surgida em 1863, professada pelo iraniano Bahá'u'lláh. São contra o proselitismo religioso e acreditam na unidade das religiões e no processo de desenvolvimento gradual da humanidade. Por isso acreditam que, além de Bahá'u'lláh, Krishna, Abraão, Buda, Jesus, Maomé também foram mensageiros de Deus. Em vez de rituais, realizam reuniões ecumênicas e atividades educativas. Não existe um clero e por isso, em vez de pastores, padres ou sacerdotes, cada um professa sua fé. “Você é responsável por sua vida espiritual”, diz Lia.
Acesse a notícia no portal da UnB.
Assinar:
Postagens (Atom)