Total de visualizações de página

Minha lista de blogs

sábado, 10 de março de 2012

UMA SEPARAÇÃO

Leiam abaixo a sinopse do filme iraniano "Uma Separação", escrito por Sam Cyrous - graduado e mestre em Psicologia, membro do movimento TEDx em Goiânia, e integrante do GT da Paz da Prefeitura Municipal de Goiânia

Uma separação


O filme A Separação (Farhadi, 2011), que ganhou há uns dias o Oscar de melhor filme em língua estrangeira, aborda a questão de um casal cuja esposa (Simin) deseja emigrar para dar melhores condições à filha e cujo marido (Nader) não quer abandonar o país por causa do pai que sofre da degenerativa doença de Alzheimer. Até aí um filme normal, não fossem os excelentes atores e equipe do país da Revolução Islâmica, quebrando mitos sobre o Irã.

O filme retrata uma típica mulher iraniana moderna, maquiada, de cabelo pintado, dona do seu nariz (Simin) que age conforme a sua consciência pelo bem daqueles que mais ama, ao mesmo tempo que nos traz um homem que não é só a barba e a raiva que os jornais traspassam, mas um homem (Nader) que ri e brinca, que respeita às mulheres, que se preocupa, que não sabe o que fazer, que se frustra, que chora. Ele nos traz também personagens comuns que não conseguimos nem amar nem odiar, porque são pessoas como nós, tentando viver apesar das dificuldades, do desemprego, da crise econômica, da saúde. Pessoas como Razieh que tomam decisões certas e erradas ao mesmo tempo. Este é um dos encantos do filme: ele toca em nós e faz-nos pensar nas nossas decisões, mas ele vem de outra cultura, de um outro mundo que desconhecemos.

A Separação de Nader de Simin (título original persa) mostra o lado bom da milenar arte persa do tárof, no qual todo persa é educado para ser extremamente cortês em todas as circunstâncias. Isso se vê quando o Nader expulsa de sua casa pela primeira vez a empregada contratada para tomar conta do seu pai: ele diz palavras como “por favor” ou até pede desculpas por lhe tocar… Isso se vê até nas ofensas mútuas, quando se atinge ao grau máximo de chamarem um ao outro de “deshonrado” e “mal-educado” ou, pior ainda, “mentiroso” quando a pessoa jura pela alma do Imám Oculto, o Prometido esperado pelos xiitas.

O filme nos traz também outra separação: aquela dos persa com os árabes, quando por exemplo Nader estudando com a filha diz que determinada palavra é árabe e não importa quem tenha dito que ela pode ser utilizada naquele contexto, pois “errado é errado, não importa quem o diz”. E se temos uma separação há uniões: o próprio Nader usa no início do filme um pouco de inglês no meio do seu persa, e Simin quer sair para outro país que acabou de lhes conceder um visto. A união ao ocidente é algo que deve ter encantado também à Academia de Hollywood, dando um Oscar que também tem muito de político, às vésperas de outro momento eleitoral que ainda pode ter muito de conturbado, não fosse o fantasma do Regime um dos personagens mais presentes no filme.

Talvez a Academia devesse ter indicado o fantasma do Regime Islâmico do Irã, para o Oscar de melhor Ator Coadjuvante. Lá estava ele no tribunal que diz que os temas da esposa “são pequenos”, lá estava ele no medo das mulheres em andar de cabelo destapado, lá estava ele em colocar em causa o que uma mulher dizia — ao dar a voz a alguém dizendo “porquê sair?” do Irã —, lá estava ele no desemprego, no caos da cidade, no hospital e no tribunal, lá estava ele no medo de uma “enfermeira” que não sabia se poderia trocar as calças de um paciente homem com alzheimer que perdera o controle e se sujara (e que teve que telefonar a alguém para saber se seria errado ou não trocar as calças).

Mas Farhadi, o diretor, conseguiu também uma outra separação. Simin, que será talvez descendente simbólico de heroínas que há dois séculos tiraram o véu opressor do estado, assume-se como a verdadeira heroína desta história: importa-se com a verdade e a honra, ao mesmo tempo que se importa com o bem-estar de amigos e supostos inimigos.

Uma Separação (como foi traduzido no inglês) mostra que qualquer iraniano é capaz de, apesar de viver no Irã, ser digno dos mais nobres atos. A separação separa, na verdade, a opressão estatal da liberdade das pessoas. Mesmo no Irã que analistas internacionais tentam entender, existem pessoas justas, e de boa índole, que nada têm a ver com o seu governo. A separação mostra isso, sem mostrá-lo!

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

"O QUE É BOM MESMO É A VIDA."

Hoje, 1º de fevereiro, é o dia do meu aniversário. Para comemorar, quero deixar registrado um texto escrito por Rachel de Queiroz (1910-2003) e publicado no jornal O Estado de São Paulo em 27 de julho de 2002.

“NÃO UMA PROMESSA, MAS UM VÁCUO

Ah, meus tempos, meus bons tempos!, suspiram os velhos. E minha sobrinha duvida: será mesmo que nos tempos de dantes era melhor?

Não, não era melhor. Pelo menos no meu tempo não era. E não creio que tempo nenhum tenha sido melhor.

Gente mais velha tem memória fraca, ou pelo menos memória seletiva.
Recorda apenas o agradável e trata de esquecer o ruim.

Ser moço é uma carga muito dura que só se agüenta porque moço tem força e resistência. Só os velhotes frívolos ou desmemoriados falam sinceramente em saudade dos tempos de juventude.

Meninice, adolescência, mocidade são quadras amargas que a gente atravessa porque não tem outro jeito. E, quando se olha para trás, com o recuo que nos dá a idade, nem se compreende como se teve capacidade para viver aquilo tudo e sair incólume - sair-se pelo menos vivo!

Aquela inquietação, aquela angústia de fazer as coisas. Um exaltado sentimento de responsabilidade pessoal, simultaneamente com a aflitiva consciência de que todos os comandos do mundo estão em outras mãos - mãos que nos parecem incapazes, caducas, inatuais, ineptas. Ah, como é dramática na mocidade essa carga de responsabilidade pelo mundo. Me lembro quando eu andava entre os 18 e os 20, as culpas que carregava nos ombros, tudo que andava certo ou errado, a bem dizer era meu. As crianças famintas na China, os sem-trabalho ingleses, os oprimidos negros americanos, os nossos moços revolucionários que morriam de febre na Clevelândia, a desigualdade das leis, o casamento indissolúvel, o divórcio, as mães solteiras, a mais-valia, o dia de trabalho de oito horas, o slogan por trabalho igual salário igual, a guerra imperialista, o Tratado de Versailles, Sandino, o Kuomintang, as nacionalizações do México, Saco e Vanzetti - tudo isso me pesava às costas. Quando Hitler tomou o poder, em 1932, passei a noite chorando.Começava o stalinismo a sua obra de decomposição da revolução russa, e já arrebitávamos a orelha às denúncias de Trotski, temendo-se pelos atentados à herança de Lenin.

Isso no terreno sociopolítico-universal. E no terreno íntimo e pessoal?

Não se dá apreço, sendo moço, aos valores reais da mocidade - a pele fresca, a inteligência intocada, o coração generoso. O que se sente é a peia da inexperiência, é a conspiração dos mais velhos. Aquela vontade de gritar, de furar muralhas e tratar os outros de igual para igual. De parecer sofisticado, seguro de si irônico e superior!

E ainda não aludi ao coração. Os dramas de coração. O amor o grande tormento dos moços, que começa na adolescência e se prolonga até à pacificação da meia-idade.

Tente lembrar-se, cavalheiro, do seu primeiro namoro - os temores que padeceu, os ódios, os ciúmes, o diabólico sentimento de inferioridade. O terrível desespero nos rompimentos, os desejos de suicídio, a impressão de que o mundo acabou.

Mas de tudo, tudo, o que eu lembro pior na mocidade é o vazio do futuro à frente. Não uma promessa, mas um vácuo. Não caminho florido, mas um túnel de conteúdo ignorado.

A coisa de que a mocidade tem mais medo é do fracasso e da mediocridade.

Despreza e lamenta a gente velha que se acomoda com os seus pequenos êxitos de segundo plano. Meu Deus, que conforto a idade madura e a velhice, quando a gente descobre a doçura de ser pouca coisa. Livre do áspero estímulo da ambição, da falta de fôlego da disputa. Descobrir, com surpresa e alegria que não era imperativo categórico a gente ser um sublime romancista, um insuperável artista trágico, um herói popular, um sábio, um santo - UM GRANDE. Que não envergonha ser um romancista menor, um cidadão menor, uma pessoa do comum...

Então a gente se contenta com nem ter muito dinheiro, nem muita fama, nem mesmo, sim - nem mesmo muita felicidade. Aprende a aceitar confortavelmente a meia ração e ainda agradecer por ela. A ceder os primeiros lugares para os mais dotados e os mais sôfregos, sem as fúrias e a pressão que acicatam os favoritos. Descobrir que o bom é bater palmas e não disputar os aplausos.

E ir perdendo, pouco a pouco, a aflição pela sorte do mundo como o português da anedota, constatar, com um suspiro de alívio, que afinal de contas o navio não é nosso. Que, em suma, fizesse a gente o que fizesse, não alterava nada.

Agora a menina vai dizer que, em resumo, a mocidade é generosa e a velhice é egoísta. Claro. Em compensação, a mocidade é ambiciosa e agressiva e a velhice é pacífica, respeitadora do lugar de cada um.Lembre-se também de que a mocidade é a quadra em que se chora. Velho não chora, ou chora pouco. Lágrimas de moço queimam os olhos e maltratam o rosto, enquanto as lágrimas de velho apenas lavam e refrescam.

Pensando bem, pensando bem, o que é bom mesmo é a vida. Porque, afinal, todas essas coisas que se louvam no envelhecer não significam mais que as prestações pagas, as dívidas arquivadas, as esperanças e os ardores peremptos. A promessa do fim.”

sábado, 21 de janeiro de 2012

21 DE JANEIRO - DIA MUNDIAL DA RELIGIÃO

No dia 21 de janeiro é comemorado o dia mundial da religião. A criação da data foi com o objetivo de promover a união de todas as religiões existentes no mundo, levando mais fé e esperança ao povo.

No Irã, os bahá’ís - a maior das minorias religiosas daquele país - sofrem com a intolerância religiosa:

Jornal Metro de São Paulo: “A longa caminhada dos bahá'ís pela liberdade no Irã”
Situação é ilustrada com depoimentos de um refugiado bahá'í e entrevista com a coordenadora de política externa da ONG Conectas


Ontem, dia 20 de janeiro, o Jornal Metro de São Paulo e sua sucursal de Porto Alegre, publicou na editoria metromundo a matéria “A longa caminhada dos bahá'ís pela liberdade no Irã”, de autoria do jornalista Henrique Ribeiro. É provável que o artigo seja divulgado também nas sucursais do Rio de Janeiro, Campinas, Curitiba, Belo Horizonte, ABC Paulista (Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema) e, inclusive, na Metro Internacional.

A reportagem aborda a campanha difamatória pelo próprio governo aos bahá'ís no Irã, em contraste com as atividades de serviço à humanidade, que a Comunidade Bahá'í promove, tanto no Brasil como em todo o mundo, trazendo relatos de um refugiado iraniano bahá'í na Turquia, Lucas (nome fictício).

“Os próprios professores insultam a Fé Bahá'í e ensinam aos alunos, que a nossa religião é um perigo à nação. O resultado é que os alunos que têm essa fé são humilhados e ridicularizados tanto dentro da sala de aula e até no pátio, pelos próprios colegas”, relata Lucas, que foi expulso três vezes na época em que cursava o equivalente ao Ensino Médio. Atualmente, embora com mestrado no exterior e domine quatro idiomas, o refugiado bahá'í não consegue trabalho em Teerã, pois ele é mais uma das inúmeras vítimas de intolerância religiosa no Irã.

A coordenadora de política externa da ONG Conectas e professora de Relações Internacionais na Faap, Camila Asano, também foi entrevistada pelo jornal e comprova que há discriminação aos bahá'ís: “o Irã é uma República Islâmica que sufoca outras religiões, mas com foco principal na Fé Bahá'í”.

Veja o artigo completo na página 12. http://publimetro.band.com.br/pdf/20120120_MetroSaoPaulo.pdf

Publicado em: http://secext-arquivos.blogspot.com/2012/01/jornal-metro-de-sao-paulo-longa.html

Visite: www.bahai.org.br

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

LANÇAMENTO DO FILME "TABU IRANIANO" PROMETE REPERCUSSÃO MUNDIAL

Diretor Reza Allamehzadeh fala da dificuldade de gravar cenas na sua terra natal

Nesse domingo, dia 4 de dezembro, foi realizada a estreia mundial do documentário Tabu Iraniano, do cineasta e escritor iraniano Reza Allamehzadeh. Pela primeira vez a perseguição do regime islâmico contra os seguidores da Fé Bahá'í – a maior minoria religiosa do Irã – é apresentada em um discurso cinematográfico da realidade. O lançamento foi realizado no Teatro de James Bridges UCLA, em Los Angeles, nos Estados Unidos.

Proibido de ingressar em seu país de origem, Reza Allamehzadeh, diretor e editor do filme, precisou da ajuda de amigos para filmar clandestinamente dentro do Irã. “Apesar do fato de me ser negado acesso a minha pátria, consegui filmar cenas profundas no Irã, pois tive ajuda de amigos dedicados que arriscaram suas próprias vidas para capturar as cenas reais do filme”, declara Reza. Na visão do cineasta autor de Speak out Turkmen [Levantem suas vozes, Turcomenos] e Holy Crime, [Santo Crime], a realização deste filme foi a mais difícil de sua carreira.

Em 2007, o cineasta brasileiro Flávio Azm Rassekh também se propôs a produzir um documentário que apresentasse a realidade da República Islâmica do Irã. Ele chegou inclusive a entrevistar jornalistas nacionais, como Marcia Camargos, Adriana Carranca, Paula Fontenele e Alessandra Meleiro. “Cada uma delas apresentava uma visão diferente do país a partir de suas próprias experiências”, comentou Azm, que ficou satisfeito com a possibilidade de produzir algo com imparcialidade jornalística sobre o Irã, terra natal de seus pais.

Contudo, o projeto precisou ser interrompido. “Fui impedido de colher imagens no Irã para ilustrar as entrevistas do filme por conta das restrições impostas a jornalistas, fotógrafos, documentaristas e profissionais de mídias”, esclarece Azm.

Além da restrição de acesso ao Irã, o diretor Allamehzadeh enfrentou outras dificuldades durante a fase de produção do documentário Tabu Iraniano, que é uma peça de não-ficção. Vivendo como refugiado na Holanda desde 1983, ele teve que batalhar para obter acesso aos entrevistados do filme – que incluem Shirin Ebadi, a primeira iraniana Prêmio Nobel da Paz, e o ex-presidente do Irã, Abolhassan Banisadr. “Foi um desafio, mas consegui superar os obstáculos”, afirmou.

O enredo do documentário, que tem uma hora e dezoito minutos de duração, descreve a garra de uma bahá'í iraniana de nome Nadereh, que decide deixar o país juntamente com sua filha, de 14 anos, em busca de refúgio no Ocidente. A história atravessa a Turquia, Israel, Estados Unidos e ilustra bem a perseguição cotidiana a que são sujeitados os bahá'ís do Irã. O documentário conta com entrevistas inéditas de renomados acadêmicos, escritores e políticos que retratam a história da Fé Bahá'í e seus seguidores no Irã.

Clique aqui para acessar a página oficial de Tabu Iraniano. http://www.iraniantaboo.com/index.html

O governo iraniano persegue as minorias presentes no país, além de impor a sua população um regime de total controle da informação. “Nos últimos meses professores universitários bahá'ís foram presos (http://bahaisnoira.blogspot.com/2011/11/genebra-medida-que-surgem-mais.html) e alguns dos maiores cineastas iranianos foram condenados a seis anos de prisão. O único 'crime' que cometeram foi o de tentar exercer suas profissões”, diz Azm.

Segundo informação da agência iraniana de notícias ISNA, os cineastas Jafar Panahi (ganhador do prêmio Câmara de Ouro de Canes por seu filme de 1995 “O Balão Branco”) e Mohammad Rasoulof (que venceu o prêmio de Melhor Diretor de 2011, pelo filme clandestino “Good Bye”) foram detidos em março desse ano por “ações e propaganda contra o sistema”.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Campanha contra perseguições aos Bahá'í no Irã começa na UnB

Seguidores da religião são proibidos de estudar em universidades iranianas. Campanha Can you solve this quer sensibilizar autoridades

Henrique Bolgue - Da Secretaria de Comunicação da UnB

Os seguidores da fé Bahá'í são constantemente perseguidos pelo governo iraniano, que não os considera como religião desde a revolução islâmica de 1979. A maneira que o regime teocrático de Mahmoud Ahmadinejad buscou para silenciar essa comunidade foi negar-lhes educação e trabalho. Por isso, no começo deste ano, o Instituto Bahá'í de Educação Superior (BIHE) vivenciou um dos seus piores momentos. Sete professores foram presos, acusados de “atos contra o Regime”.

A iraniana Hasti Khoshnammanesh entrou no instituto em 1998 e formou-se em 2002 em Letras. Tentou estudar em escolas públicas do governo, mas era impedida assim que preenchia a ficha de inscrição. “Ou negávamos nossa crença ou éramos expulsos”, conta. O Instituto de Bahá'í surgiu em 1987. A maioria das aulas precisava ocorrer em segredo e muitas vezes a escola foi atacada. Mesmo assim, era a única saída. “A educação é muito importante para os Bahá'í”. O diploma não é válido no Irã, mas muitos conseguem validar sua formação em outros países. Em 2002, ela veio ao Brasil, onde espera ter uma vida tranquila, especialmente para a filha, com sete anos. “Quero que ela estude sem problemas e que faça algo bom pela comunidade”.

Instalado na entrada do Instituto Central de Ciências Norte o grupo da campanha internacional "Can you Solve This" quer contribuir para acabar com as perseguições, como as que Hasti sofreu. Seus integrantes montaram um balcão com folders e cartazes. No local, há um computador por meio do qual é possível mandar um apelo a autoridades, como o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, e o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-Moon. Além disso, pode-se enviar mensagem direto ao Irã usando uma carta modelo disponível.

PRESSÃO - “Ao longo da história, a pressão internacional é a única forma de garantir os direitos humanos nessas situações”, diz a brasileira Mary Caetana Aune-Cruz, graduada em Ciências Políticas pela UnB e secretária de ação com a sociedade e o governo da comunidade Bahá'í. Para ela, um dos grandes problemas é a falta de informação. “A população só se engaja se estiver informada”, analisa. Mary acredita que o Brasil tem um papel importante. “A aproximação com o regime iraniano possibilita trazer o assunto, antes isolado, à tona.”

A ideia de começar a campanha brasileira na UnB foi de Lia Cruz, estudante de Letras. “A UnB é palco de manifestações e é o lugar ideal para começar a campanha”, disse. O objetivo é que ela se espalhe por outros estados. O Brasil tem cerca de 60 mil Bahá'í e a sede nacional fica em Brasília. Para fechar a campanha, o professor Rafael Amaral Shayani, do Departamento de Engenharia Elétrica da UnB, Bahá'í, irá ministrar palestra sobre o tema “Educação para a Paz e Direitos Humanos”, às 19h desta quinta-feira, dia 24 de novembro. O representante da comunidade Bahá'í do Brasil, Iradj Eghrari, também participa. Todas as quinta-feiras, às 13h, acontece uma reunião na entrada da Faculdade de Educação com orações.

DEUS - Os Bahá'ís seguem o princípio da livre pesquisa da verdade. É uma religião nova, surgida em 1863, professada pelo iraniano Bahá'u'lláh. São contra o proselitismo religioso e acreditam na unidade das religiões e no processo de desenvolvimento gradual da humanidade. Por isso acreditam que, além de Bahá'u'lláh, Krishna, Abraão, Buda, Jesus, Maomé também foram mensageiros de Deus. Em vez de rituais, realizam reuniões ecumênicas e atividades educativas. Não existe um clero e por isso, em vez de pastores, padres ou sacerdotes, cada um professa sua fé. “Você é responsável por sua vida espiritual”, diz Lia.

Acesse a notícia no portal da UnB.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

GENTE EM AÇÃO CONSTRUINDO RESULTADOS

GENTE EM AÇÃO CONSTRUINDO RESULTADOS

Virginia Spinassé (*)

O 37º CONARH – Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas, aconteceu no período de 15 a 17 de agosto de 2011 no Transamérica Expo Center em São Paulo. Consolidado como o maior e mais importante evento de Gestão de Pessoas da América Latina, o CONARH teve a participação de 3.400 congressistas, 20.000 visitantes e 120 expositores. Todas essas pessoas puderam assistir 9 palestras magnas, 27 palestras simultâneas, 7 fóruns, 2 painéis de pesquisas e 47 palestras gratuitas.

O CONARH é idealizado e construído pela ABRH – Associação Brasileira de Recursos Humanos, uma instituição não-governamental, existente há 45 anos, com 23 seccionais desvinculadas juridicamente e independentes, sem fins lucrativos que tem como missão disseminar conhecimento sobre o mundo do trabalho para desenvolver pessoas e organizações, influenciando na melhoria da condição social, política e econômica do país. Todo o trabalho é feito em forma de voluntariado.

O tema central do CONARH foi dividido em cinco eixos que nortearam os debates: VPS e Diretores de RH; Profissionais de RH em Cargos Intermediários, Jovens Profissionais de RH; Gestores de Pessoas e Profissionais de RH na Gestão Pública.
Alguns temas foram abordados em praticamente todas as palestras. Um deles foi a escassez de profissionais qualificados para ocuparem as vagas de emprego neste momento espetacular pelo qual está passando o Brasil. Apesar de ser uma frase comum, ficou claro que o caminho é a educação. Porém, esse é um caminho em longo prazo. As empresas não podem esperar. Muitas delas estão investindo pesado no desenvolvimento de seus funcionários para, dessa forma, amenizar o tão falado “apagão de talentos”. O mais preocupante nisso tudo é a falta de líderes e a incógnita de como formá-los em tempo recorde. Não estamos conseguindo formar profissionais nem na quantidade e nem na qualidade que precisamos. Afinal, o principal ator da retenção dos talentos nas organizações é o líder.

Através da fala dos muitos Diretores de RH presentes ao Congresso, tivemos uma feliz notícia: os talentos que ainda estão disponíveis no mercado procuram empresas que tenham valores alinhados aos seus. Existe uma busca pela qualidade de vida no trabalho, por empresas socialmente responsáveis, por organizações onde os líderes gostem de gente, onde a comunicação seja transparente.

Através dos debates nas palestras do eixo Profissionais de RH na Gestão Pública foi possível observar que é inegável a natureza política da Administração Pública. Sabemos que o setor privado pode tudo desde que seja legal e o setor publico só pode fazer o que está na lei, sempre seguindo o princípio da isonomia. Apesar de alguns limites inerentes ao setor, uma nova Administração Pública está surgindo, baseada na meritocracia. Foram apresentados casos de sucesso de implantação de Programas de Adequação ao Cargo – após concurso público – e implantação de Programas de Avaliação de Desempenho e Programa de Metas com Remuneração Variável, todos na área pública. Isso nos leva a crer que um novo Servidor Público está surgindo, cada vez mais consciente do seu importante papel junto à sociedade.

O grande astro do congresso, o RH, foi tratado com toda pompa da qual é merecedor. O saldo dos debates sobre a área de Gestão de Pessoas foi extremamente positivo. Em primeiro lugar é importante lembrar que a gestão de pessoas é responsabilidade de qualquer gestor e não apenas de uma determinada área da organização. Os gestores deixaram de ser gerenciadores da produção e da CLT para ser desenvolvedores de talentos. O RH passou do papel de vítima para o de protagonista, parceiro, elemento central de sustentação do negócio.

As pessoas precisam muito menos de orientação técnica e mais de suporte humano: afeto, cuidado. A diferença entre as organizações é feita pelas pessoas. Para que elas estejam felizes é preciso estar engajadas, conectadas emocionalmente com a organização. Quando os funcionários estão satisfeitos os clientes também ficarão satisfeitos. As empresas precisam estar atentas ao clima organizacional, implementando ações que aumentem o sentimento de pertencimento à organização, para que os colaboradores sintam prazer em trabalhar. O processo de comunicação interno é fundamental para o sucesso de ações voltadas para o reconhecimento, educação e desenvolvimento.

Hoje, a palavra da Gestão de Pessoas é ENGAJAMENTO! As empresas estão trabalhando incessantemente para tornar o ambiente organizacional um local onde seja possível trabalhar com felicidade, com brilho no olho. A fórmula é simples: gostar de gente, valorizar o potencial humano, a criatividade, os valores éticos. Liderar pelo exemplo, ser coaching e ter prazer em ver as pessoas evoluindo. Pessoas não são controláveis, são motivadas. E quando estão motivadas estão conectadas emocionalmente: engajadas!

Este é o RH rumo a um novo tempo: Acreditar na capacidade do ser humano de se reinventar a todo momento nesta aldeia global: tão grande na sua diversidade e tão pequena na sua conectividade.

(*) Virginia Spinassé é Especialista em Gestão de Pessoas, Consultora de Empresas, Professora de Cursos de Graduação e Pós-graduação e Membro do Conselho Administrativo da ABRH-AL.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

SER ESPECIAL É SER FELIZ

Contei esta história para algumas pessoas, mas faço questão de deixar registrada neste blog.

Tudo começou quando em 27 de abril de 1984 nasceu nosso primeiro filho – AUGUSTO. Foi a minha primeira experiência com uma criança! Morava numa cidade com poucos recursos e sem familiares por perto.

Entretanto, o instinto materno foi me fazendo perceber que havia alguma coisa diferente com o meu filho. O desenvolvimento era lento: demorou a sentar, a engatinhar, a andar, a falar...

Em uma das visitas ao pediatra, quando Augusto estava com dois anos e eu grávida da minha filha Heloisa, ele me indicou uma fonoaudióloga, por conta da demora da fala. Através dela – Ruth Araújo (a quem agradecerei eternamente), passamos a procurar outros especialistas para examinarem Augusto.

Diagnósticos? Muitos! Ouvi de tudo: de psicose infantil a autismo.
Explicações? Mínimas.
Soluções? Nenhuma.

De acordo com um excelente médico de Garanhuns – o único que há pouco tempo nos deu um diagnóstico coerente - nosso filho tem “retardo mental não identificado e outros transtornos de comportamentos”.

A realidade: um atraso no desenvolvimento da coordenação motora e uma deficiência intelectual que fazem com que Augusto tenha um comportamento diferente dos adultos considerados normais. Preferimos dizer que ele é ESPECIAL.

A história é longa, afinal Augusto tem 27 anos e desde que completou dois anos buscamos tudo que é possível para ele se desenvolva.

A pior parte: os preconceitos! A ignorância do ser humano frente àquilo que ele considera anormal.

A melhor parte: Os anjos que encontramos na nossa caminhada. Essas pessoas maravilhosas que nos apoiaram e apóiam na luta pelo desenvolvimento e pela INCLUSÃO de AUGUSTO na sociedade.

AUGUSTO é um anjo que quebrou as asas lá no céu e caiu, chegando assim em nossas vidas. Ter um anjo particular é privilégio de poucos. Com ele aprendemos a amar incondicionalmente. Aprendemos a ter paciência e compaixão. Aprendemos que o preconceito dói! Aprendemos a respeitar as pessoas apesar das diferenças.

Ter AUGUSTO nos tornou seres humanos melhores e mais felizes. Nossa existência foi transformada!

AUGUSTO nos dá grandes lições de vida. Recentemente ele nos emocionou até as lágrimas e nos fez refletir um pouco mais sobre a vida e o que fazemos com ela.

Vamos ao momento:

Estávamos em uma lanchonete da cidade quando entrou uma pessoa conhecida que também tem um filho nas mesmas condições do nosso. Então se deu a seguinte conversa:

Augusto:"Pai, Mãe! Olha lá: aquele é o filho dela. Ele é especial!"
Pai: "É mesmo?"
Augusto:"É! E eu também sou especial!"
Mãe: "O que é ser especial?"
Augusto:"É ser feliz! Eu sou muito feliz!!!!"

SER ESPECIAL É SER FELIZ! VAMOS TENTAR SER ESPECIAIS TAMBÉM?
É TÃO SIMPLES...